4 de jan. de 2009

Silicone

Inspirada num complexo


A torrencial chuva a havia alcançado há três quarteirões. Inútil correr. Estava encharcada.

Já podia enxergar o ponto de ônibus cheio de gente encolhida. Faltava só um quarteirão.

Um carro dobrou a esquina, reduziu a marcha e começou a acompanhá-la. Instintivamente suspendeu a bolsa e a apertou contra o peito. A camiseta era branca.

Alcançou o abrigo de ônibus.

O carro andou mais alguns metros e parou. Deu ré até o lugar onde ela estava e buzinou.

Por alguns segundos julgou que fosse algum conhecido e estreitou a vista para ver melhor. Vasculhou a mente. Não, não era.

Baixaram o vidro do passageiro e colocaram o indicador para fora em sua direção.

Todos no ponto a fitaram.

- Entre nesse carro. Gritou uma voz imperativa vinda do interior do veículo.

Um meneio de cabeça e olhos aterrorizados foram a única resposta.

- Entra na porra desse carro porque se eu for te pegar aí, já sabe o que te espera.

Imobilidade total.

Ele desceu do carro. Baixa estatura, cabeça raspada, braços fortes, dentes acavalados.

Uma tremedeira tomou conta do seu corpo. O desespero era visível. Os que estavam mais próximos deram um passo, afastando-se.

O baixote parou à sua frente e deu-lhe um safanão no braço.

A bolsa caiu.

Olharam para baixo.

Quando seus olhos se encontraram novamente o rosto dele havia desanuviado.

Ele abaixou, pegou a bolsa e devolveu-lhe.

- Desculpa, moça. É que você é a cara da mardita. A única diferença é que ela é peituda.

Ele se foi, rindo.

Ela corou e tornou a apertar a bolsa contra o peito.

2 comentários:

  1. AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH
    Rolei de rir!!!

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  2. Entendo perfeitamente a situação dessa mulher com cara de mardita e desprovida de peitos...rsrsr.
    BEM BOLADO! HAUHAHUAHU

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