9 de dez. de 2011

Clarice Lispector

Inspirada numa data

Clarice Lispector morreu um dia antes de completar 57 anos e um dia antes de eu completar 3 meses de vida. Era verão de 1977, mais precisamente dia 09 de dezembro.
Apesar do que gosto de imaginar como uma semi-coincidência - termos nascido no mesmo dia, só em meses diferentes e ela ter falecido no ano em que nasci -, seu fascínio sobre mim não surgiu de imediato.
Meu primeiro contato com Clarice foi exatamente com A hora da estrela uma de suas obras mais aclamadas, mas que produziu em mim um estranhamento tão gigantesco, que cheguei a sentir aversão por aquela escrita intimista.
Para minha sorte, alguns anos depois, fui presenteada com o tocante Felicidade clandestina. A experiência foi impactante. O texto A quinta história, que até hoje figura entre os meus favoritos, me deixou perplexa ao relatar em suas ricas linhas, meus pobres pensamentos.
Eu, que já me banhava no universo da leitura há tempos, mas dava meus primeiros passos no tortuoso caminho da escrita, senti-me cerceada em minhas premissas temáticas, pois fui descobrindo que Clarice tivera o "dom" de escrever tudo o que eu queria ter escrito.
Aquela mulher com olhos felinos e rosto marcante passou, então, a ser minha companheira. Devorei A paixão segundo G.H., assim como a própria havia devorado a barata e, numa epifania - característica marcante do texto clariciano - dediquei-me a ler sua obra completa. Foi impossível adquirir vários de seus livros, em especial os infantis, mas o advento da internet e o belo e dedicado trabalho da equipe do Digital Source deram-me acesso às suas obras.
Me emocionei com Laços de Família e me deliciei com A via crucis do corpo, mas A hora da estrela seguia como uma espécie de tabu para mim e mantive-me afastada dele por mais um bom tempo.
Contudo, no 1º ano da faculdade, o melhor professor de literatura que já tive, o mestre Edvaldo Aparecido Rofatto, exigiu a leitura desta obra como nota de semestre. Tremi e temi. Mas o professor apresentou-nos as minúcias desse livro, fez contextualização com a mitologia grega, representou e chorou coma última cena do livro e me ajudou a descobrir qual era a causa do efeito que essa narrativa específica causava sobre mim.
Pronto. Clarice havia tomado conta de mim.

26 de mai. de 2011

Dois dentes de Francisco

Inspirada numa mordida


Neste 26 de maio o Francisco completa, exatamente às 10h14 da manhã, 10 meses de alegrias, sustos, descobertas e aprendizagens.
Ele tem ido à creche desde os 5 meses, pois a mamãe trabalha fora e ele, com seus dois dentinhos no maxilar inferior, suas covinhas na bochecha e seus grandes e brilhantes olhos orientais, tornou-se o queridinho da escola.
Tanto na chegada, quanto na saída, é um barato ver as crianças, de todas as séries, dando "bom dia Fanchico", "tchau Fanchico", ao que ele responde com gargalhadas, tchaus e mandando beijos.
Dia desses, no entanto, a mamãe foi buscá-lo e as monitoras vieram correndo em sua direção.
- Ele levou uma mordida.
Ela olhou para ele, que brincava despreocupadamente no chão e o pegou ligeiro no colo. Só então viu a marca de dois dentes em seu braço.
Elas explicaram à mãe que só notaram a mordida quando foram dar banho, mas que ninguém havia presenciado o "crime" e, portanto, era impossível apontar de imediato quem fora o bandido.
Iniciaram uma investigação.
A primeira suspeita foi uma menininha de 13 meses, cabelo chanel e olhar tímido, que estava sempre com ele, mas ela tinha 3 dentes, o que a excluía.
Depois, havia o único mais novo que ele na sala. Cabelinho encaracolado, 8 meses e olhar astuto. Mas esse também só tinha um dentinho e foi excluído da lista de culpados.
Diante do impasse, deixaram a investigação para o dia seguinte.
Chegando em casa, contou o acontecido e a comoção foi geral.
A avó falou em abrir inquérito. O avô disse que antes registraria um B.O.
O tio correu pegar a máquina fotográfica para registrar a prova do crime, enquanto a tia explicava ao pai, que acabava de chegar do trabalho, como teria acontecido o crime.
Então o pequeno Francisco começou a resmungar de fome.
Diante das acaloradas hipóteses sobre o acontecido, esqueceram-se completamente de alimentá-lo.
Finalmente, deram-lhe a janta e mamadeira. Como ele se sujou durante a refeição, foi necessário mais um banho.
Ao despi-lo, a mãe notou, próxima ao pulso, a marca de mais dois dentinhos.
Mas a marca não estava lá antes.
Olhou para o filho que lhe sorriu, com seus dois dentes, antes de cravá-los no braço para coçar a gengiva.

18 de mai. de 2011

Dar-te-ei

Inspirada num presente


Era véspera de Natal.
O casal apaixonado, economizando para concretizar o sonho da casa própria, combinou que naquele ano não trocaria presentes.
Ela, para prestigiá-lo, recitou o "Cântico dos Cânticos" e caprichou no sexo oral.
Ele, para recompensá-la, massageou-lhe o corpo todo e fez-lhe uma serenata com esta bela canção:

Dar-te-ei - Marcelo Jeneci 

Não te darei flores, não te darei, elas murcham, elas morrem
Não te darei presentes, não te darei, pois envelhecem e se desbotam
Não te darei bombons, não te darei, eles acabam, eles derretem
Não te darei festas, não te darei, elas terminam, elas choram, elas se vão
Dar-te-ei finalmente os beijos meus
Deixarei que esses lábios sejam meus, sejam teus.
Esses embalam... esses secam... mas esses ficam.
Não te darei bichinhos, não te darei, pois eles querem, eles comem
Não te darei papéis, não te darei, esses rasgam, esses borram
Não te darei discos, não, eles repetem, eles arranham
Não te darei casacos, não te darei, nem essas coisas que te resguardam e que se vão
Dar-te-ei a mim mesmo agora
E serei mais que alguém que vai correndo pro fim
Esse morre... envelhece... acaba e chora... ama e quer... desespera... esse vai... mas esse volta

Essa singela história é apenas para lembrar-nos de como podemos ser felizes com pouco.

17 de mai. de 2011

Blues

Inspirada numa encruzilhada


Cresceu numa casa defronte à uma encruzilhada.
Tias velhas vinham visitar a família e sempre se benziam antes de entrar na casa.
Curiosa como era, perguntava por que faziam aquilo e simplesmente diziam que era por causa da encruzilhada.
Ela ria, mesmo sem entender.
Certo dia, o neto de uma das tias, alguns anos mais velho do que ela, veio junto para a visita. Ele usava calças com as barras dobradas e cabelo armado. Tinha ares de moço rico, mas ela sabia que ele tinha a mesma condição financeira dela. Mas ele lia muito. Lia e ouvia rádio.
Ela, para impressioná-lo, sussurrou-lhe:
- Sua vó e as outras tias imitam o sentido da encruzilhada na frente da cara, toda vez que vêm aqui, disfarçado de sinal da cruz. Tenho certeza que é alguma simpatia pra tirar ruga.
Ele gargalhou. Gargalhada sonora. Era o maior disparate que já havia ouvido.
Ela ficou sem graça.
Quando conseguiu parar de rir, olhou melhor para aquela menina beiçuda, de vestido florido, cabelo mal trançado, pele cor de jambo e grandes e curiosos olhos negros e sentiu ternura por ela.
Nunca tinha sentido afeto genuíno e sincero por alguém antes, mas naquele instante, decidiu-se que iria instruí-la e ajudá-la a também sair daquele fim de mundo.
Mudou de postura, tomou a menina pela mão e foi se sentar com ela no banco de cimento do quintal.
Tirou um toca fitas a pilha do bolso, colocou gentilmente o fone nela e apertou o play.
Ela arrepiou. O lamento da voz rouca de uma mulher a fez estremecer. Nunca tinha ouvido música tão forte, cheia de sentimentos, que parecia desnudar seu interior.
- Que que é isso?
- Blues, minha cara.
- Esse é o nome da música?
- Não. Blues é uma forma musical que se fundamenta no uso de notas tocadas ou cantadas numa frequência baixa, com fins expressivos.
- Como?
Ele sorriu e a aconchegou junto à lateral de seu corpo e explicou:
- Blues é o nome do ritmo, sensual e vigoroso, que os negros americanos cantavam na época da escravidão nas plantações de algodão. É por causa do Blues que elas fazem o sinal da cruz na encruzilhada.
Ele gostou de sentir o toque daquela pele de menina-moça e resolveu dar continuidade à lição para mantê-la mais tempo junto a si.
- Diz a lenda que Robert Leroy Johnson vendeu sua alma ao diabo na encruzilhada das rodovias 61 e 49, no Mississippi, em troca da proeza de tocar guitarra. O dito teria pego seu violão e afinado um tom abaixo, devolvendo para Johnson junto com uma gaita cromada e mandado que tocasse. Johnson se tornou um dos músicos mais influentes do Blues e acabou tendo uma morte misteriosa. Todo negro que se preze, evita encruzilhada porque sabe que o diabo anda por lá. Seu vô foi maluco quando ergueu essa casa aqui. Maluco e corajoso.
Mas ela já não o ouvia mais.
O som do Blues que lhe entrara nos ouvidos, enquanto aquele corpo quente tocava o seu, despertou o diabo e, naquele momento, sua alma se vendia na encruzilhada defronte da casa, em troca de cantar Blues como a mulher que ouvira e ter aquele homem para si.

Dito pelo não dito

Inspirada num comentário


Há tempos não registro palavras por aqui.
Tudo bem que o ritmo de vida é frenético. Filhos, trabalho, marido, mudanças, mas não são desculpas autênticas, já que ando registrando parcas palavras em outros meios de interação virtual - como o twitter -, mas que não possuem o enlevo da proposta deste Blog.
Confesso, não sem vergonha, que até mesmo minha devoração de histórias anda limitada à revista Bravo!, da qual não tenho nem aproveitado as dicas literárias, musicais e cinematográficas, mas em contrapartida, aviso aos navegantes que tenho mantido um caderno (papel, linhas, espiral) ao lado da minha cama, no qual, no meio da noite, anoto pedaços de histórias, ideias e lembranças que em breve - espero - estarei postando, para meu próprio deleite.
Esclarecimentos redundantes e irrelevantes a parte, aproveito e deixo registrada minha posição quanto ao novo livro do MEC que considera válida a grafia livre, bem como a livre construção frasal, do tipo "nois pega as bola".
Oras bolas, piraporas!
Se assim for, nosso registro escrito, o registro escrito da nossa língua, transformar-se-á em uma Torre de Babel.
"Sem regras não há código e sem códigos a comunicação fica difícil" eu escrevi em 2008, no meu projeto de Iniciação Científica intitulado "Musicalizando a gramática: um novo jeito de ensinar", publicado aqui e acredito piamente nisso.
Vejo essa flexibilidade textual como forma de melhorar os índices de analfabetismo do país, já que qualquer um que conheça, ao menos, as letras do alfabeto poderá ser considerado alfabetizado, mesmo produzindo esse tipo de dislexia textual.
Temos que pensar nas gerações futuras.
Se não padronizarmos nossa escrita, como nossos bisnetos, tataranetos, e pós tataranetos lerão o que escrevemos hoje?
Se um indivíduo não consegue ter domínia sobre a grafia da própria língua, como poderá vir a adquirir outrs habilidades ou até mesmo outras línguas?
O inglês, língua "universal", por acaso aceita de bom grado a deformação de sua grafia?
Falta coerência ao MEC, que não está adequando o ensino à nossa realidade social e econômica, de país em desenvolvimento, que precisa capacitar sua população para que esta possa interagir globalmente.

15 de fev. de 2011

A menina que não sabia ler


Inspirada numa reviravolta

Meados de setembro passado comprei "A menina que não sabia ler", de John Harding, porque estava sem leitura de banheiro e "A ilha sob o mar" de Isabel Allende, para ler na cama, porque ainda não havia lido nada desta prestigiada escritora que foi ícone da Flip de 2010.
Aliás, acho que já comentei sobre isso, mas vale ressaltar. Classifico minhas leituras em: leituras de banheiro e leituras de cama.
As leituras de banheiro são aquelas obras menores, que se lê no banheiro para passar o tempo, enquanto a leitura de cama é privilégio dos bons livros, que me incitam a ter um caderninho de anotações ao lado da cama, para ir registrando todas as ideias e frases de efeito que me agradam.
Pois bem, assim foi. "A menina" no banheiro e "A ilha" na cama.
Quando iniciei a leitura do primeiro, imediatamente, desde o título, fiz associação com o inestimável "A menina que roubava livros", história da qual gostei tanto, que fui impelida a criar este blog, mas isso já é história velha, contada na primeira postagem aqui.
Enfim, o livro conta a história de uma órfã - outra semelhança - que descobre uma enorme biblioteca proibida na mansão em que mora e aprende a ler sozinha. Apesar da inevitável sensação de "já vi essa história" comecei a gostar do ritmo do livro e julguei-me predisposta à leitura simultânea de "A ilha".
Este segundo livro, da editora Bertrand Brasil, com uma encardenação bem cuidada, detalhes na capa em altorrelevo, que me custara o dobro do primeiro, já me despertou desconfiança logo no começo, pois o "resumo" contido em sua orelha não condizia com o que eu estava lendo logo no primeiro capítulo, por exemplo: a orelha dizia que Zarité - a personagem principal - aprendeu a dançar e recebeu amor paterno do velho Zacharie, mas, o nome do velho escravo era Honoré.
Enquanto isso, o enredo de "A menina" começou a mudar e a se diferenciar do outro "A menina" e, após três dias de leitura simultânea, os livros trocaram de posição. "A ilha" foi para o banheiro, enquanto "A menina" veio para a cama. Sobre "A ilha", só direi que a leitura vale pelas informações, do então desconhecido para mim, Haiti, devastado por um terremoto ano passado e sobre o qual eu não sabia nada. Mas deixo claro que, futuramente, ainda pretendo voltar a ler Isabel Allende e, quem sabe, recomendá-la.
Agora, voltando ao livro que intitula esta postagem, que surpresa!
A reviravolta na história, a desconexão entre alguns fatos e a não explicação de tantos outros, fizeram com que eu refletisse mais sobre a natureza humana.
Lembrei-me, inclusive, de um debate do qual participei na faculdade certa vez, no qual tinha que defender a teoria de Maquiavel de que "todo homem é mau por natureza". Considero muito provável que John Harding compartilhe desta teoria, já que, embora não a defenda, explicita essa condição nas páginas finais da sua obra.

7 de fev. de 2011

Sons noturnos

Inspirada numa noite de insônia

Mais um dia exaustivo finda.
Chega a noite.
As luzes cessam.
Nossos corpos repousam sobre a cama.
Tudo é silêncio.
O último canto de um pássaro e o aroma do corpo ao meu lado afloram meus sentidos.
O sono não chega.
O compasso do relógio dita as horas.
Intermináveis horas.
Ouço o ritmico som da respiração.
O arfar dos pulmões.
Um leve ressonar.
A fricção da pele no lençol.
O discreto som das articulações, produzido a cada movimento inconsciente.
E o sono não chega.
Penso em me levantar, mas os sons noturnos me tranquilizam e permaneço inerte.
Faz calor.
Ligo o ventilador, mas o barulho do motor interfere na sinfonia com a qual meus ouvidos se deleitam.
Desligo.
Volto a acompanhar o compasso do relógio.
Ouço um resmungo. Me aprumo. Silêncio novamente.
Deve ter sido sonho.
Meu corpo se banha em suor.
Finalmente levanto e abro a janela.
Brisa boa a da madrugada.
Volto à posição inicial.
A brisa traz consigo os demais sons da noite.
Um latido longínquo. Um piar. Um coaxar.
Sinto-me plena. Plena de vida. Plena de felicidade. Plena de paz.
Um último pensamento me assola, antes que eu adormeça.
"Ao clarear do dia, os sons noturnos, assim como as boas sensações por ele despertadas, cederão lugar às cacofonias do dia.
Buzina, motor de carro, de moto, campainha, telefone. Que bom seria se os sons nunca mudassem.
Mas a noite há de chegar mais uma vez e a tranquilidade há de me alcançar novamente".

1 de fev. de 2011

Um adolescente em minha vida

Inspirada numa conversa


 
Me lembro da minha adolescência, que não foi nada fácil.
Ser adolescente é uma das fases mais complicadas da vida, mas descubro agora que, mais difícil do que a própria adolescência é ser mãe de adolescente.
O humor varia muito, assim como a disposição.
Amor e ódio andam lado a lado durante todo o dia.
Todos os fatos, até os mais corriqueiros, tomam proporções gigantescas.
O corpo muda.
O temperamento muda.
A voz muda.
Os gostos mudam.
A mudança atinge tudo e todos que estão às voltas com esse prospecto de adulto.
Tudo é culpa da mãe. A chuva que cai; o sol que queima; o tempo que não passa; o giz que acabou; o jogo perdido; o chulé; a unha comida; a energia que acaba; o computador que trava; e assim por diante.
Complicado.
Mas, no meio de todas essas contradições, de toda birra e esquisitices, minha vareta em forma de gente, me pede para colocá-lo na cama para dormir, me enlaça o pescoço e, quase totalmente tomado pelo sono, me beija e diz que me ama.
Aí descomplica tudo e meu adolescente volta a ser meu bebê.

31 de jan. de 2011

Sete coisas sobre mim


Inspirada num prêmio


Meu namorido Fábio Shiraga me mandou um desafio, que recebeu do talentosíssimo Luis Capucho, que consiste em linkar a pessoa que te enviou, listar sete coisas sobre você mesmo e indicar mais alguém para responder o meme.

1 - Quando era adolescente, dormia com um esparadrapo colado, arrebitando o nariz, com medo de ficar nariguda. Não deu certo.

2 - Sempre ouvi dizer que, se deixasse o sapato virado, a mãe morria. Sou tão eficiente em desvirá-los que minha mãe continua viva até hoje.

3 - Quando era mais nova, passava uma mistureba de pepino com pasta de dente e sabonete líquido no rosto, para não ter espinhas. Meu irmão ria de mim, fazia piadas e chegou até a me fotografar com o treco na cara, mas deu certo. Nunca tive espinhas. Meu irmão também não.

4 - Sempre me diziam que quem mexe com fogo faz xixi na cama. Só fiz xixi na cama até o final da primeira infância. Minha irmã, mesmo não sendo fumante, sempre carregava um isqueiro na bolsa para acender o cigarro pros outros. Fez xixi na cama até os 23 anos.

5 - Desde pequena acreditava que sempre que entrava em um lugar, ou ia sair da cama, tinha que ser primeiro com o pé direito, para dar sorte. Aí, fraturei a bacia direita e por um ano só usei o pé esquerdo. Mesmo assim, a sorte não me abandonou.

6 - Tenho um quê com números, embora seja péssima em matemática. Toda placa de carro, por exemplo, me obriga a fazer contas malucas de modo que o resultado final seja 4. Também tenho mania de contar azulejos e franzidos de cortina. Coisa do meu lado autista, eu acho.

7 - Até o início da fase adulta, eu tampava o nariz para afundar a cabeça na água. Minha querida Netian foi quem me ensinou a soltar o ar pelo nariz embaixo d'água para a água não entrar. Ela tinha vergonha de ir comigo pra piscina, mas agradeço de todo coração mesmo assim.

Agora eu passo a bola pra Lizandra, pra Raíssa e pro Léo.