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12 de jun. de 2013

Dia dos namorados

Inspirada numa confissão


Apesar de achar o inverno a estação mais bonita do ano - as pessoas vestem-se bem e comem melhor ainda - sempre abominei o frio característico desta época do ano.
Banhos escaldantes, roupas de lã, coleções de cachecóis, gorros, chapéus, luvas, vários cobertores e dormir de meia todos os dias - independente da época do ano - são as marcas registradas de alguém como eu, que detesta sentir frio.
Contudo, desde que o Fábio Shiraga entrou na minha vida, o frio deixou de me aterrorizar, pois estou constantemente aquecida de dentro para fora.
Faz muito tempo que não registro nada por cá. No meio de turbilhão de acontecimentos na minha vida nos últimos dois anos, deixei uma parte de mim adormecida, exatamente a parte que inclui o registro de ideias e pensamentos neste espaço, mas hoje decidi roubar uns minutinhos do meu sono - coisa que zelo bastante, embora também tenha sido prejudicada pelo meu novo ritmo de vida - para confessar toda a minha admiração e o meu amor por essa pessoa que mudou a minha vida e meu modo de ver e aceitar algumas coisas.
Neste dia dos namorados - é, não acreditamos nesta conspiração mercadológica e capitalista de uma data especial e insubstituível, mas vale como boa desculpa -, parafraseando Drummond "não sei se é o conhaque ou é a lua", encontro inspiração e disposição para homenagear este grande homem, que é meu melhor amigo, meu companheiro, cúmplice, amante, aliado, amor da minha vida, meu centro, meu aquecedor.
Sou sua eterna namorada.

18 de mai. de 2011

Dar-te-ei

Inspirada num presente


Era véspera de Natal.
O casal apaixonado, economizando para concretizar o sonho da casa própria, combinou que naquele ano não trocaria presentes.
Ela, para prestigiá-lo, recitou o "Cântico dos Cânticos" e caprichou no sexo oral.
Ele, para recompensá-la, massageou-lhe o corpo todo e fez-lhe uma serenata com esta bela canção:

Dar-te-ei - Marcelo Jeneci 

Não te darei flores, não te darei, elas murcham, elas morrem
Não te darei presentes, não te darei, pois envelhecem e se desbotam
Não te darei bombons, não te darei, eles acabam, eles derretem
Não te darei festas, não te darei, elas terminam, elas choram, elas se vão
Dar-te-ei finalmente os beijos meus
Deixarei que esses lábios sejam meus, sejam teus.
Esses embalam... esses secam... mas esses ficam.
Não te darei bichinhos, não te darei, pois eles querem, eles comem
Não te darei papéis, não te darei, esses rasgam, esses borram
Não te darei discos, não, eles repetem, eles arranham
Não te darei casacos, não te darei, nem essas coisas que te resguardam e que se vão
Dar-te-ei a mim mesmo agora
E serei mais que alguém que vai correndo pro fim
Esse morre... envelhece... acaba e chora... ama e quer... desespera... esse vai... mas esse volta

Essa singela história é apenas para lembrar-nos de como podemos ser felizes com pouco.

24 de jun. de 2010

Leite derramado

Inspirada num presente

Três dias. Demorei três dias para dar cabo da leitura de "Leite derramado", romance de Chico Buarque.
O livro foi presente do meu querido companheiro, Fábio Shiraga, a quem agradeço imensamente.
Cabe ressaltar que, no início do namoro, estávamos - Fábio e eu -, certa vez, ouvindo música e, às tantas, ele me indagou:
- Fá, o quanto você gosta do Chico Buarque?
De pronto, respondi:
- O suficiente para querer um filho chamado Francisco.
Quando, tempos depois eu engravidei e descobrimos que era menino, escolhemos o nome Francisco, sem nos lembrarmos dessa conversa, mas, há uns dois meses, lembramo-nos desse diálogo e agora, ao terminar a leitura desse instigante livro de Chico Buarque, só me resta afirmar que meu filho terá o nome de um gênio das letras.
Vontando à obra... A primeira vista pensa-se que o livro filosofará sobre a velha dita de "não chorar sobre o leite derramado". Não é bem isso.
O monólogo - sim, toda a história é um monólogo - conta a trajetória de Eulálio, um centenário, que passou pelas mais diversas situações - trágicas e cômicas - ao longo da vida e que as conta em voz alta, num leito de hospital.
A narrativa não é linear. A temporalidade se atropela e, aos poucos, vamos descobrindo o que há de verdade ou invenção no relato. Talvez chamar de invenção não seja apropriado, já que, durante a própria história, o narrador pede escusas porque a memória, às vezes, tende a enganá-lo.
Além do enredo bem amarrado, a narração faz um percurso corretíssimo sobre a história política brasileira, bem como sobre a sociedade carioca do início do século passado.
Ora se ri. Outras, se chora. Dúvidas surgem. Teorias se concretizam e Chico Buarque mostra que, na literatura, assim como na música, é um exímio manipulador de palavras.
Quanto ao leite derramado, há sim de se chorar sobre ele, quando o mesmo tiver que ser dispensado em uma pia de banheiro, por uma mãe que não pode mais amamentar.

25 de mai. de 2010

Nada se cria, tudo se copia

Inspirada numa foto

Descaradamente copiei a foto do blog do Sr. Meu Namorado, Fábio Shiraga e colei aqui.
Tudo porque meu cunhado e compadre, o talentosíssimo fotógrafo Nelson Shiraga, fez uma sessão de fotos nossa, para registrar o 6º mês do Francisco ainda no meu barrigão e enviou, até agora, essa única foto para o Fá.
De qualquer forma, é inevitável compartilhar nossa felicidade, na crença de que a alegria, assim como o amor, é contagiosa.
A propósito, a data prevista para o parto é 23/07/2010.

6 de abr. de 2010

94 A

Inspirada numa aquisição

"Quem casa, quer casa", já dizia o velho ditado.
Após meses de procura, divergências, contas, planos, sonhos, desatinos e decepções, foi em um final de semana chuvoso, porém quente, que enfrentaram o cansaço, a chuva, a fome, a ansiedade e a calculadora.
Depois de horas de expectativa, receberam o aval positivo e assinaram os papéis.
Foram parabenizados com efusivos apertos de mão e abraços apertados.
Um urro e um beijo, selaram a comemoração entre eles.
A parte mais fácil estava finalizada.
Agora enfrentariam vários leões por dia para vencerem a fase mais difícil: construir um lar na casa recém adquirida.

3 de mar. de 2010

Crônica de duas versões para uma mesma história


Inspirada numa proposta

A ansiedade e a angustia me consumiam desde às 6h30.
O Fábio dormia tranqüilamente ao meu lado na cama. Fiquei olhando as linhas do seu rosto, acompanhando sua respiração e imaginando como ele reagiria.
Às nove ele abriu olhos, me desejou bom dia e com um sorriso me perguntou:
- Fez xixi?
- Fiz - respondi sucintamente.
- E aí? – sentou-se na cama ao me inquirir.
Senti-me desconcertada. Que espécie de questionamento era aquele? Palavras tão ínfimas para questionar algo tão grandioso...
- E aí nada. – foi minha resposta automática.
Ele suspirou algo entre aliviado e inquieto e reinqueriu:
- Então deu negativo?
- Não. Deu positivo – respondi cabisbaixa.
- Deixa eu ver.
Levantei e peguei o exame de farmácia que eu havia guardado na bolsa.
Expliquei que, de acordo com as instruções, as duas listrinhas rosa significavam positivo.
Ele ficou olhando para o tubinho com o olhar perdido, depois me beijou nos lábios e voltou a deitar. Disse que se sentia tonto.
Eu ri. Nervosamente ri.
Estávamos em Serra Negra, na casa da mãe dele aproveitando o feriadão.
Ele foi ficando pálido.
Naquele momento, percebi a fragilidade dele e inspirando longamente, enchi-me de forças para iniciar aquela que julguei seria a conversa mais séria e densa que teríamos.
- Não se preocupe. Terei esse filho sozinha. Você tem seus planos, seus sonhos e metas e eu já abdiquei dos meus antes, posso muito bem protela-los mais uma vez. Sua vida não precisa mudar em nada.
Naquele momento descobri que a criatura ao meu lado era um homem e não um menino. Ele chorou. Reafirmou seu amor por mim e pelo bebê e disse que não existia aquilo de ele ou eu. Que éramos nós. Que aquele seria nosso filho. Que faríamos nossos planos, nossas metas. Que aquela era a nossa vida.
Um beijo selou nosso compromisso de nos tornarmos um.
Eu estava em pânico. Ele me confortava, claro, mas o medo de decepcionar meus pais mais uma vez me consumia.
Por decisão-imposição minha, combinamos que só contaríamos depois do Natal.
Passei por uma consulta médica naquela semana e meu ginecologista confirmou a gravidez, mas, por garantia, pediu o exame de sangue.
Decidi protelar o máximo possível e só realizar o teste para contar aos nossos pais. Faltavam uns 20 dias pro Natal, mas o Fábio já estava tendo crises de ansiedade e perdendo o sono.
Comecei a ter enjôos e ele, tomando as rédeas da situação me comunicou:
- Sexta vamos contar para todo mundo da nossa gravidez.
Nossa Gravidez. Aquela idéia de que ele estava grávido junto comigo me entorpeceu e concordei com sua decisão porque não tinha argumentos, nem vontade, para discordar.
E assim se fez.
O Fábio tem uma versão um tantinho mais romantizada e dramática que a minha para o início da nossa história familiar, mas, em sumas palavras, o temor, a emoção, a alegria e o torpor foram os mesmos.

13 de jan. de 2010

A lição


Inspirada numa brincadeira

Já era alta madrugada quando forçaram a porta da frente.
Apurou os ouvidos.
Fechadura mexida novamente.
A chuva apertava lá fora.
Ouviu leves batidas à porta.
Puxou mais as cobertas.
Passos circundavam a casa.
No silêncio do quarto escuro, sorriu.
Leves batidas na sua janela.
Prendeu a respiração.
O brilho de um raio encheu o quarto.
Em seguida, o trovão.
Batidas um  pouco mais fortes na sua janela.
Uma voz sussurra:
- Amor, me deixa entrar. Por favor. Tá chovendo gelado.
Ela riu.
Havia avisado que o Habeas Corpus só era válido até meia noite.
Eram mais de três.
- Amor, eu imploro, me deixa entrar ou vou começar a gritar e acordar as crianças.
Pé ante pé ela foi até o quarto dos filhos e com eles se deitou, tomando o cuidado de fechar bem a porta do quarto.
O marido teria que curar a ressaca sozinho. Na chuva.

8 de jan. de 2010

Bendito fruto



Inspirada numa imagem


A noite mal dormida fora conseqüência da ansiedade, mas, a despeito do cansaço físico e mental estava bem. Sentia-se feliz.
Levantou antes do relógio despertar.
Depois de uma ducha rápida, sentou-se nua na cama e acariciou o ventre.
Balbuciou uma canção de ninar enquanto espalhava o hidratante pelo corpo.
Sua respiração estava calma, sua mente estava tranquila.
No horário adequado, ela e o homem a quem amava foram ao consultório.
Sala de espera cheia. Tinham hora marcada, mas precisaram pegar senha e aguardar.
Quarenta minutos depois foram chamados à sala.
Ambiente na penumbra, silencioso, a atendente fez as perguntas de praxe e pediu que ela se sentasse.
Com um ligeiro sorriso a médica se apresentou e ligou a máquina.
Os batimentos cardíacos dela se elevaram.
Uma imagem disforme surgiu na tela.
Um som forte encheu o ambiente.
- Esse é o coraçãozinho do seu bebê.
Ela e o amado apertaram-se as mãos.
Estavam vendo o filho pela primeira vez.
A mãozinha estava sobre o nariz.
As pernas, cruzadas para cima.
A cabeça bem redondinha.
E o coração.
O pequeno coração batia com uma velocidade incrível e seu som era um deleite para os ouvidos dos seus pais.
Apaixonaram-se.
O carinho, o amor já existiam, isso era claro, mas, a verdadeira entrega, a paixão de pai pra filho surgiu naquele momento.
Data prevista para o parto: 27 de julho.
Só faltavam mais 7 meses para abraçarem e beijarem a Isabel ou o Francisco.

28 de dez. de 2009

O homem que eu amo


Inspirada num comentário

Detesto ser chamada de "Fabi". E o homem que eu amo sabe disso.
Também detesto pessoas que sempre citam "Los Hermanos", como se eles fossem o ápice da intelectualidade. Não são. Não gosto de "Los Hermanos".
O homem que eu amo sabe que, do nosso amor, a gente é que sabe. Os outros são os outros e só.
Gosto do mundo realmente intelectual e amo literatura e como o homem que eu amo sabe disso, me presenteou com o maravilhoso "Clarice,".
O homem que eu amo tem só 28 dentes. Ainda bem. Não confio em ninguém com mais de 30.
O homem que eu amo tem uma deliciosa extravagância: faz amor comigo quantas vezes eu quiser.
Ele ri escandalosamente. Aliás, a gargalhada do homem que eu amo é uma das coisas mais gostosas deste mundo.
O homem que eu amo coleciona CD's. Tem mais de mil.
Que bom.
Coleciono livros. Tenho menos de mil, mas, ainda assim, nenhum de nós pode reclamar dos excessos do outro.
O homem que eu amo fala sem parar. Sobre tudo. Até dormindo. Mas, não ronca.
Ele lê pra mim. Interpreta pra mim. Toca e canta pra mim.
O homem que eu amo abre a porta do carro para eu entrar. E me entrega as chaves para eu dirigir quando bebe.
O homem que eu amo fala inglês e se diverte porque eu falo russo.
Ele fica horas procurando um Blues chorão, do jeito que eu gosto, só para me agradar. Aí, ele se deita comigo e, de mãos entrelaçadas, ficamos nos adivinhando na penumbra, curtindo o som da gaita.
O homem que eu amo me deixou escolher o lado da cama, mas sempre rouba comida do meu prato.
O homem que eu amo me contou seus deslizes amorosos do passado.
Sei, inclusive, tudo sobre a casada e cretina, que o usou.
Aliás, cretina, além de ser um adjetivo feminino sinônimo de imbecil, quando derivada de cretinismo - que é uma doença crônica, causada pela insuficiência da glândula tireóide, o que pode explicar a obesidade - é a palavra que designa a pessoa enferma.
O homem que eu amo está com sobrepeso. Sua barriguinha, cultivada pelos anos de cervejadas em botecos, é um charme à parte.
O homem que eu amo sabe que eu sou brava e que não levo desaforo para casa e às vezes, só às vezes, fica incomodado com meus desatinos e, em particular, chama minha atenção como o pai faz com a criança arteira.
O homem que eu amo usa óculos. Eu também uso óculos. E nossas lentes ficam embaçadas quando nos beijamos.
O homem que eu amo não é só carne. Ele tem a alma mais linda do mundo.
Ele comemora seu aniversário no asilo, presenteando os velhinhos, passando horas super agradáveis com os que tem muito para nos ensinar.
O homem que eu amo é calmo, gentil e sofisticado. Sou nervosa, estúpida e relaxada. Ainda bem que os opostos se atraem.
O homem que eu amo também é um homem de fé, mesmo não se prendendo à religião nenhuma.
O homem que eu amo operou um milagre em mim e, contrariando todas as previsões, me fez mãe de novo.
Ele é o responsável pela aura de felicidade que me circunda novamente.
O homem que eu amo tem uma paciência de Jó, porque continua me amando mesmo eu sendo tão difícil.
O homem que eu amo é mais que meu marido, amado e amante. O homem que eu amo é meu amigo. Meu melhor amigo. Mas já lhe perguntaram se eu era sua filha e ele ficou grilado e eu dei risada.
O homem que eu amo tem algumas manias. Está sempre lavando as mãos, dirige lenta e cuidadosamente e dá uma risadinha curta quando algo o incomoda.
Ele joga tênis, é amigo do Léo e ia casar com a Lia. Mas ela ainda tem só três anos, então, até ela ter idade para casar, ele já pode estar viúvo, porque, enquanto a minha saúde é frágil, o homem que eu amo goza de ótima saúde.
O homem que eu amo sabe tudo o que é essencial sobre mim e isso é engraçado.
Nos conhecemos há tão pouco tempo nesta vida que a única explicação para nossa sintonia é o conhecimento adquirido ao longo de várias outras vidas.
O homem que eu amo é o homem que eu amo há milênios. Disso não tenho dúvidas.
Amo o homem que eu amo porque o admiro e porque ele tem todas as coisas, que um dia eu sonhei pra mim.
A cabeça cheia de problemas. Não me importo, eu gosto mesmo assim.
O homem que eu amo tem os olhos cheios de esperança, de um formato que mais ninguém possui.
Me traz meu passado e as lembranças, coisas que eu quis ser e não fui.
E eu que sempre fui tão inconstante, juro, para o homem que eu amo, que agora é pra valer.
Ele vai seguir comigo o meu caminho e viveremos a vida só de amor.
O homem que eu amo sabe que estou parafraseando Roberto Carlos, porque essa é a canção que ele canta para mim.

16 de nov. de 2009

Carolinas na madrugada


Inspirada numa lua-de-mel

A presente história é baseada na história "madrugada na padaria", de Fábio Shiraga


Ela escreveu a ele:

Me deu água na boca de pensar naquelas carolinas... e estremeci de lembrar a hora em que as trouxe pra mim. Boas recordações.

Ele fora correndo, passos largos e rápidos lá para o Empanadas.
Mal olhou para os lados, apesar de ter várias pessoas circulando ali pela Vila Madalena.
Ele gostava de observar as pessoas.
Não apenas a beleza das mulheres, mas os estilos diferentes, os tipos que ficam na calçada ou nos bares conversando, segurando seus copos, fumando na calçada, gesticulando...
Em inglês esta atividade tem até nome: people watching.
Mas, o que importava naquele momento, é que tinha alguém esperando por ele.
Mesmo que ela estivesse dormindo àquela hora, ela o esperava e ele queria estar com ela. Logo.
Parou, primeiro, na padaria 24 horas.
Ficou, ali, olhando a vitrine, pensando o que levar.
Alguns bolos estavam apetitosos, mas eram grandes demais e as fatias, refrigeradas, deveriam ser consumidas imediatamente ou colocadas na geladeira.
Julgou que os pedaços não estariam tão bons no outro dia, mesmo que o dia seguinte começasse dali a algumas horas.
Viu as carolinas recheadas com avelã.
Lembrou que ela, seu amor, tinha perguntado se ele gostava delas.
Comprou e saiu rápido para pegar as empanadas e desceu a rua segurando e equilibrando a bandeja.
Os passos largos e rápidos o faziam transpirar, mas ele não se importava.
Só pensava em estar com ela novamente.
Deixou a bandeja de empanadas e a sacolinha da padaria com as carolinas de avelã no balcão de hotel e foi buscar as bebidas em outra padaria.
Tinha fila no caixa.
Ficou com raiva da menina da frente que demorou para pagar, ficou procurando as moedas, depois decidiu pegar mais um sorvete.
Será que ela não tinha noção da sua pressa?
Ele tinha alguém lhe esperando, e ela pedira para que ele não se atrasasse!
As pessoas tendem a ser egoístas quando estão apaixonadas.
A guria da fila, a que procurava moedas, deveria lhe ceder o lugar, pois estava estampado em seu rosto que o amor da sua vida o esperava no segundo andar do prédio do outro lado da calçada.
Finalmente chegou sua vez. Pagou.
Os mesmos passos largos e rápidos o levaram para o quarto.
Subiu feliz, suando é certo, mas muito feliz.
Bateu na porta do quarto.
Segundos de expectativa.
Nada de ela responder.
Minutos de expectativa.
Nada de ela responder.
Desceu à recepção e pediu que ligassem no quarto.
- Boa noite, senhora. Poderia abrir a porta para seu marido? - avisou o recepcionista.
Subiu pulando os degraus de dois em dois.
Ela abriu a porta. Linda. De vermelho.
Agora já não tinha mais pressa.

Sim, ele também tinha ótimas recordações da noite em que lhe levou carolinas.

11 de nov. de 2009

Quebra de rotina


Inspirada num acontecimento

Estava trabalhando.
Repartição lotada.
O trabalho era árduo.
Corredores cada vez mais lotados de pessoas esperando para serem atendidas.
O estresse tomava conta dela.
O burburinho de vozes chegava a ser ensurdecedor.
Um homem corpulento, pediu passagem e atravessou o corredor.
Silêncio absoluto.
Todos os olhares o acompanharam, sedentos de curiosidade.
Uma voz de trovão chama:
Fulana de Tal.
Entrega para Fulana de Tal.
Levantou os olhos do documento que preenchia.
Alguém apontou em sua direção.
O homem lhe estendeu os braços sorrindo.
Sem jeito, ela sorriu de volta.
Palmas.
Muitas palmas.
As pessoas que aguardavam estavam tocadas com a cena.
Ela derramou lágrimas.
Lágrimas de diamante.
Várias pessoas disseram:
- Feliz Aniversário!
Respondeu que não era seu aniversário.
Apenas estava amando e sendo amada.
Olhares de inveja caíram sobre ela.
Alguns sorriram, não por ela, mas por nostalgia.
Precisou parar o atendimento, por instantes, para buscar água e um vaso grande.
Um vaso bem grande.
Pronto.
As flores do seu amor estavam salvas.
Aproveitou a quebra da rotinha e tentou ligar para ele.
Aí, se deu conta de que ele estaria trabalhando naquele momento.
Com um suspiro, limitou-se a voltar ao lugar para, entre um atendimento e outro, rascunhar um agradecimento ao dono do seu coração.

23 de out. de 2009

Todos cantam para eles


Inspirada em várias canções

O dia já começara estranho.
Estava com dor de cabeça.
Tinha perdido a hora.
Foi para o trabalho sem querer ir.
Ao abrir o email, ele havia mandado uma música.
http://www.youtube.com/watch?v=Wq0FkmcT1Jc&feature=related

Ela ouviu e chorou.
Chorou porque teve medo do que estava sentindo.
E porque estava com ressaca.
E porque só o vira 4 vezes na vida.
E porque parecia que o conhecia desde sempre.
E porque ele havia visto seu lado ruim já.
E porque teve certeza que ele desistiria dela.
E porque não o beijou como queria.
E porque não o abraçou como queria.
E porque não falou tudo que queria ter dito.
E porque estava menstruada.
E porque seu dia anterior fora péssimo.
E porque o dia atual estava muito tumultuado.
E porque ainda precisavam conversar sobre algumas coisas.
E porque a voz de Bethania ressoava em sua cabeça: Eu não existo sem você.
E porque estaria super ocupada até às 16h.
E porque ele não estava lá naquele exato momento.
E porque não queria sentir tanto a falta dele.
E porque o telefone não parava de tocar e ninguém respondia.
E porque teria um compromisso acadêmico à noite.
E porque queria que ele soubesse.
E porque não fazia a menor idéia do que queria que ele soubesse.
E porque o coração estava acelerado.
E porque Marisa Monte cantava A sua no rádio.
E porque todos cantavam para eles agora.
E porque estava com sono.
E porque ficaria pensando nele o dia inteiro.
E porque todos os caminhos a encaminhavam para ele.
E porque teria que parar de escrever e voltar a trabalhar.
Suspirou fundo.
Lembrou-se de Céu.
Havia mandado uma mensagem a jato, às entidades do tempo.
E já fora verificado que nem mesmo haveria segundos.
E que os minutos seriam reavaliados e a cada suspiro seriam 10 contados.
Suspirou novamente. Mais fundo.
Esperava que o dia passasse logo para vê-lo e, finalmente, poder parar de chorar.

20 de out. de 2009

Viagem


Inspirada numa vontade

Depois de muitos desencantos, o encontro deles havia sido encantador.
Rapidamente criaram laços.
Riam por qualquer coisa.
Conversavam por horas a fio.
Ele cantarolava.
Ela dançava mambo.
Pareciam duas crianças.
Eram duas crianças felizes.
Sem mais delongas, ela o convidou:
- Vamos fugir para Pasárgada!
- Pra onde?
- Para Pasárgada.
- Com você eu vou.
- Vamos já?
- Farei as malas. Quanto tempo em Pasárgada ficaremos?
- Que tal pelo tempo que durar? 
- Assim já cantava Marisa Monte.
- Paráfrase do Soneto da Fidelidade.
- Realmente, o poetinha já dizia isso.
- Tudo pronto para nossa partida?
- Quase tudo. Só uma pergunta: por que para Pasárgada?

Recitando Manoel Bandeira ela explicou:

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
e tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste

Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Já faz tempo que foram para lá e, pelo que dizem, de lá não pretendem voltar.

27 de jul. de 2009

Viuvez

Inspirada num exemplo


Num último gesto de amor, beijou-lhe os lábios já descarnados.

Ele deu seu último suspiro, afogado no soluço dela.

Era a terceira vez que ficava vúva.

Mas há de quem a chamasse viúva negra.

No auge dos seus 89 anos, possuia uma imponência que fazia estremecer até o mais valente.

Conheceram-se numa aula de dança de salão.

Ele, um senhor a procura de exercícios físicos.

Ela, uma professora exigente que expeimentava no ensino da dança, uma retomada do vigor da juventude.

Não se pode dizer que apaixonaram-se.

Eram maduros e sabiam que as paixões eram efêmeras.

Simpatizaram um com o outro e, da simpatia mutua, surgiu o amor.

O sexo, segundo eles, era a cada 30 dias, mas de excelente qualidade.

Beijavam-se em público. Na boca.

Era lindo de se ver.

Por set anos ela o amara e a ele dedicara toda sua atenção.

Foram felizes.

Agora ele partia, vitimado pela fraqueza dos pulmões.

Ela ficava, com suas sapatilhas, em busca de um novo par para dançar.

25 de jul. de 2009

O homem perfeito

Inspirada numa conversa


Não pode ser muito alto. Mais baixo que eu, nem pensar.

Um pouco mais alto só, para eu me aconchegar no seu peito.

Mãos grandes. Gosto de homem com mãos grandes. A pegada é melhor.

Tem que ter pegada, ou não rola.

Tanto faz loiro ou moreno. Careca também pode.

Ah, com barba. Gosto de homem com barba.

Uma semana sem fazer a barba é o ideal. Mas o pêlo tem que ser macio. Piniquento, não dá.

Gostar de futebol é imprescindível. Pode até torcer para outro time, porque discordar, às vezes, é bom.

Mas ele tem que gostar de assistir futebol. Não de jogar. Nada de jogo de domingo com os amigos.

Precisa ser culto. Adorar cinema e livros. Disso não abro mão.

Quanto à música... qualquer estilo, exceto sertanejo.

Preferencialmente tem que gostar de MPB e Blues. Rock só se não for de gritaria.

Não curto aqueles rocks pesados, em que o cara só grita e a gente não entende o que ele canta.

Tem que ser romântico na medida certa. Não grudento, porque não suporto grude. Mas tem que demonstrar seu amor por mim.

De flores, não gosto.

Se for vaso, vou ter que ficar molhando e tals e, se for buquê, em dois dias as flores murcham e vou ficar pensando que o amor também vai morrer. Sei lá, flores não.

Prefiro que ele me faça um vídeo. Pode ser um vídeo simples. Com fotos minhas, fotos nossas.

Também pode ser uma música. Seria legal se ele fizesse uma música pra mim.

Um vídeo com a música que ele fez para mim, na trilha sonora de fundo então, seria perfeito.

Outra coisa importante: ele não pode ser vidrado só em virilha com depilação completa. Homem não imagina o quanto dói para depilar a virilha.

Ele precisa ser meu amigo, meu confidente. Terminar minhas frases e adivinhar o que estou pensando.

Mas também precisa ser meu amante. Adivinhar o que quero e fazer exatamente aquilo que desejo e quando desejo.

Quase esqueci! Ele tem que respeitar meu espaço.

Reservaremos um dia na semana para fazermos programas separados.

O ideal seria eu ir pro bar com as amigas e ele preferir alugar um filminho para assistir em casa, tomando cerveja.

Café. Ele deve gostar de café, para desbravar várias cafeterias comigo.

Tem que gostar de viajar também. Muito.

Cozinhar, eu cozinho, mas ele é quem deve lavar a louça.

Não precisa ser rico, mas ter um pouco de ambição não faz mal a ninguém.

Cheio de frescuras, também não.

Esse papo de que mulher tem que ser uma dama até no banheiro, é ridículo.

Ficar peidando e arrotando o tempo todo é nojento, ele não pode ser desse tipo. Mas também não pode ficar escandalizado quando isso acontecer. Tanto com ele, quanto comigo.

Se ele souber poesia de cor, será ótimo.

Se escrever poesia para mim, será divino.

Ele tem que achar encantador eu não gostar de maquiagem e entender minha falta de preocupação no vestir, pois percebe que valorizo outras coisas acima da aparência.

Ambientalista, mas não desses chatos. Animal em casa, só se for peixe de aquário.

Cheiroso! Isso tem que ser, Definitivamente!

Pode ser gordinho... aliás, gosto de homem gordinho. Mas não muito barrigudo.

Magrelo, não. De magrela, já basto eu.

Fofinho. Inteligente. Carinhoso.

Não sou tão exigente quanto a homem e, mesmo assim, continuo solteira... não dá pra entender.

18 de jul. de 2009

Um agrado

Inspirada num dia frio


Ele não ligou como prometera.

Ela tinha passado o dia com o celular na mão, checando-o de minuto em minuto, mesmo sem ter tocado.

A noite, em claro, fora um martírio.

Pela manhã estava com olheiras e mau humor.

Depois do costumeiro café, sem açucar, saiu às compras.

Como no dia anterior, foi para a loja de lingerie, mas dessa vez, não escolheu conjuntos sexies, nem calcinhas provocantes. Comprou um pijama longo. De flanela.

Dirigiu-se ao supermercado e, no lugar de comprar ingredientes para um jantar romântico e velas, comprou lasanha congelada, chocolate, pipoca de microondas e lenço de papel.

No mercado municipal presenteou-se com luvas, um gorro e longas meias coloridas, com dedinhos.

Antes de voltar para casa, parou na locadora e escolheu meia dúzia de filmes antigos, em preto e branco, daqueles que tornam o choro inevitável.

Já em casa, descarregou as compras, ligou um Blues e entrou no banho.

Enquanto a água fervente escorria por seu corpo, ouvia Stevie Ray Vaughan e sentia raiva de si mesma. Dois dias antes havia se depilado inteira. Teve náuseas de dor a cada puxada de cera, a virilha ficara avermelhada, mas tudo era válido para agradá-lo.

Desgraçado, sofrera em vão.

Ao som da gaita de Cephas & Wiggins, secou os cabelos, vestiu o pijama novo, o gorro, as luvas e calçou as meias com dedinhos.

Gargalhou ao se ver no espelho. Aquela era ela. Nada convencional. Estava com saudades de si mesma e se jogou um beijo estalado.

Levou para a cama seu "kit-dia-frio-deprê": comida pronta, chocolate, pipoca, lenço de papel e uma garrafa de vinho (intacta desde a noite anterior).

Colocou o primeiro filme e aconchegou-se.

Pronto.

Agora sim, poderia chorar todas as suas mágoas.

6 de jul. de 2009

Perdas e ganhos

Inspirada numa seta no alvo


Sempre escutou o velho ditado "Azar no amor, sorte no jogo", mas nunca achou que fosse verídico.


Pessoas sortudas tinham sorte em tudo. Sempre.


Ela era azarada em tudo. Sempre.


Sua vida era caótica. Especialmente a amorosa. Cheia de altos e baixos.


Primeiro perdeu o amigo de cama-mesa-banho para uma mais peituda e resolveu, do nada, apostar pela primeira vez na Mega Sena. E acertou a quadra.


Um mês depois rompeu, em definitivo, os laços com um antigo caso. Acertou a quina na Mega Sena.


No entanto, só teve certeza que o azar amoroso lhe trazia recompensas financeiras, quando o amor da sua vida morreu repentinamente, e ela ganhou na Mega Sena.


Na última vez em que se teve notícias dela, estava, feliz da vida, morando numa ilha particular, com um boneco inflável.

30 de jun. de 2009

Unidos pelo Futebol

Inspirada num desencontro
(Primeira história com intervenção do meu ombudsman. Obrigada, Mandioca.)


Tinham a mesma idade, o mesmo histórico de desastres pessoais e a mesma paixão pelo futebol.

Idosos, não quiseram dar trabalho aos filhos e mudaram-se, quase na mesma época, para um asilo particular.

Ele achava um despautério uma mulher, na idade dela, discutindo futebol com os homens.

Ela achava ridículo aquele velho, todos os dias, tomar café da manhã com pijama flanelado do Corinthians.

- A senhora deveria estar tricotando em vez de debater futebol.

- Se o senhor tivesse visto seu time ser campeão da Libertadores ao menos uma vez, não seria tão amargo.

Apesar das rusgas futebolísticas, acabaram ficando bons amigos.

Quando anoitecia, gostavam de jogar baralho, tomar chá, relembrar os tempos da juventude e discutir futebol.

- Você lembra quando o Ronaldo Fenômeno jogava no Corinthians? Tempos de glória aqueles.

- É, o Ronaldo era fenomenal. Saia com homem achando que era mulher e jogava no Corinthians achando que era time.

- Eu escutava muito essa piadinha infame na época. Tinha uma amiga, são paulina meio fanática como você, que não perdia a oportunidade de me relembrar sobre esse deslize do meu ídolo.

- Fofucho era seu ídolo?

- Você disse Fofucho?

O reconhecimento os atingiu em cheio. Haviam sido grandes amigos virtuais na juventude.

Conversavam pelo msn diariamente. Trocavam confidências.

Riam das desgraças e exaltavam as vitórias dos seus times.

Brigavam ocasionalmente e, nessas situações, não se falavam por dias.

Eram temperamentais.

Tinham personalidade forte.

Mas não conseguiam ficar muito tempo longe e sempre reatavam.

Seus gostos musicais, literários e cinematográficos eram parecidos. Adoravam futebol, mas torciam para times diferentes.

Seus horizontes culturais se ampliavam a cada bate papo.

Bem humorados, desavergonhados, politizados, jamais conseguiram se encontrar. Tentaram algumas vezes, mas em vão.

Moravam na mesma cidade e frequentavam os mesmos lugares, porém, em horários e dias diferentes.

Estavam fadados ao desencontro.

Seguiram caminhos diferentes e nunca mais tinham tido notícias um do outro.


Finalmente o futebol os unira.

Estavam no mesmo lugar e na mesma hora.

29 de jun. de 2009

O dia D

Inspirada numa decisão


Sem emoção alguma, olhou-se nua no espelho.

Altura mediana, corpo esquelético, o rosto ainda era bonito, mas não tanto quanto fora outrora.

Os lábios carnudos estavam sem cor e os olhos amendoados, brilhantes em outros tempos, estavam fundos pela noite mal dormida.

Passou os longos dedos com unhas vermelhas pelos cabelos e lembrou-se que, ao cortá-los curto, pretendia ter uma aparência moderna, despojada, mas agora via que sua aparência era de desventura e desesperança.

Os seios diminutos, que a assombravam desde a adolescência, insistiam em afrontá-la na sua nudez.

Havia perdido a juventude na espera do amadurecimento do seu amor.

Sentiu-se ridícula.

Envergonhada, desviou a visão para a área do quadril, onde suas cicatrizes tornavam a lembrá-la que já ganhara e perdera muito na vida e era preciso seguir em frente, apesar de tudo.

Jamais poderia roubar o brilho da noiva.

Seria apenas a madrinha.

Madrinha no casamento do amor da sua vida.

Não iria.

Sem maiores explicações, estava decidido. Não iria.

Teve consciência que essa atitude poderia atrasar um pouco o casamento, mas jamais cancelar.

Madrinha, coloca-se outra no lugar. Noiva não.

Num último relance dramático, imaginou-o em desespero porque ela não aparecia. Atormentado por aquela ausência, ele percebia que apenas ao seu lado poderia ser feliz, mas, a noiva chegou e ele já não podia mais pensar naquela a quem um dia jurara amor eterno.

Sem que percebesse, grossas lágrimas brotaram de seus olhos e um soluço doído ecoou de sua garganta.

Num rompante, lavou o rosto na água fria da pia, pintou os lábios e decidiu ir...
... para a praia.

Duelo

Inspirada num absurdo


- Ele está te traindo.

A boca se abriu. Os olhos se fecharam.

- Você contou para mais alguém?

Sua voz era trêmula, quase um sussurro.

- Claro que não. Assim que o vi com a outra, vim te contar.

Um brilho estranho surgiu em seu olhar.

- Como ela é?

A ansiedade dilatou suas narinas.

- Parece uma vadia. Roupa justa, muita maquiagem.

Assegurou a outra.

- Prometa-me, por seus filhos, que não contará a mais ninguém.

Implorou aflita.

- Prometo. Mas o que você fará?

Ela apenas sorriu.
Não podia viver sem ele.

Estava decidida a renovar seu guarda-roupa, com roupas mais sensuais.

Não seria fácil competir com uma vadia, mas, enquanto ninguém mais soubesse, não precisaria deixá-lo.

Lutaria por seu homem.