22 de mar. de 2009

O primeiro

Inspirada num pé de laranja lima


Motivada pela grande quantidade de livros que minha mãe e minha avó tinham em casa, comecei a ler muito cedo. Lia, como ainda faço, dois ou três livros ao mesmo tempo, para demorar mais para chegar ao fim...
Com 12 anos já havia lido muita coisa, quase toda Coleção vaga-lume, com todas suas Ilhas Perdidas e os Mistérios do Cinco Estrelas.
Já havia rido e chorado com o jogo do contente da Pollyanna Menina e a Moça e tinha encontrado o Bugre-do-chapéu-de-anta em todas as aventuras por Taquarapoca.
Aos 13 anos, fui "obrigada" e ler Dom Casmurro e, pela primeira vez, detestei tanto um livro que pensei em nunca mais voltar a ler.
Eu ainda não havia me tornado uma devoradora de histórias...
A transformação de leitora compulsiva em devoradora ocorreu da noite para o dia, que foi o tempo exato que demorei para devorar meu primeiro livro: O meu pé de laranja lima.

http://www.4shared.com/file/94372669/f4cb8e8/Jos_Mauro_de_Vasconcellos_-_O_meu_p_de_laranja_lima.html
Esse foi e ainda é, para mim, um livro extremamente marcante, comovente e triste.

Marcante pela ironia da sua história, comovente pela simplicidade transmitida e pela forma com que foi escrito e triste pela dor e pelas perdas retratadas.

Com uma mescla de turbulentas emoções e pequenas conquistas e vitórias, vividas pelas personagens, que vêm à tona de forma simples e eloqüente, senti-me como se também eu participasse na história.
Neste livro, os grandes feitos, assim considerados pela nossa cegueira e egocentrismo, não são as ações merecedoras de importância, mas sim, as pequenas coisas, que no fundo acabam por ser as mais bonitas e importantes: as pequenas vitórias, a dor e a conquista do mundo real e da vida real, que acabam por ter uma fantasia mais doce e bonita e um misticismo mais profundo, do que as grandes lendas ou histórias, apenas pelo que são.

Devorei esse livro em menos de 12 horas, porque a história de Zezé despertou em mim sentimentos adormecidos e reflexões sobre quem eu era, enquanto indivíduo, e sobre qual meu lugar e função no mundo, o que tornou impossível que eu lesse qualquer outra história concomitantemente e impedindo-me de parar de ler, até mesmo quando as torrenciais lágrimas embaçavam minha vista.
Zezé, Portuga e Minguinho, desde então, fazem parte de mim, assim como outras personagens de inúmeras histórias que devorei ao longo dos anos, mas esses três têm e sempre terão, lugar cativo em meu coração.

21 de mar. de 2009

Teoria do 3 S

Inspirada num "parabéns pra você"

Ao parabenizar um amigo muito espirituoso por mais um ano de vida, procurei fugir do clássico e desejei um triplo S, sigla por mim inventada que significa: Saúde, Sexo e Sucesso.
Ao me agradecer pelas felicitações, ele me questionou sobre o significado do triplo S e respondi que era um círculo, aí tive que explicar minha teoria...
A idéia fez tanto sentido que, incentivada por ele, resolvi colocá-la no blog.
É o seguinte:
Você precisa ter sucesso para achar quem faça sexo com você. Precisa de sexo - exercício físico - para ter saúde e precisa de saúde para poder trabalhar e alcançar o sucesso.
Da mesma forma, você pode usar o sexo para alcançar o sucesso. Com o sucesso adquirido, pagar uma boa alimentação e bons médicos para ter mais saúde e, com mais saúde, ter mais disposição para alcançar mais sucesso.
E, finalizando, com a saúde, você obtêm os outros dois S, como já conjecturado...
Simples. Simplista.
Afinal, é realmente só isso que queremos da vida?
Prazer, bens materiais e muitos anos de vida para gozar de tudo isso ou há algo mais?
Lógico que ter dinheiro é bom - embora isso eu só saiba de ouvir dizer -, sexo é ótimo e ter saúde é essencial, mas, esses itens só beneficiam o corpo e somos mais do que o corpo físico, somos espíritos encarnados, seres completos destinados à evolução.
Alimentar o corpo é fundamental à manutenção vital, assim como alimentar o espírito e, o melhor alimento para o espírito é a aquisição de conhecimento, o debate de idéias e a reflexão profunda em prol não apenas de nós enquanto indivíduos, mas da coletividade.
Se essa teoria se sobreposse à teoria do triplo S, estaríamos, certamente, vivendo em um mundo muito melhor!

4 de mar. de 2009

A vida secreta das palavras

Inspirada num filme inspirador

Direção: Isabel Coixet
Roteiro: Isabel Coixet
Elenco: Sarah Polley, Tim Robbins, Javier Cámara, Eddie Marsan, Steven Mackintosh
http://www.youtube.com/watch?v=9dAJUEngedA

Sem conhecer detalhes do filme, confiando apenas no marketing, não dá pra ver o soco no estômago chegando em "A Vida Secreta das Palavras".
O pôster, o trailer, a sinopse, tudo insinua um drama romântico.
Não é.
A começar por uma das mais belas cenas do filme (para o meu tosco parecer de telespectadora), quando Hannah, sentada num banco à beira mar, observa uma distante plataforma de petróleo.
Ela ainda não sabe disso, mas a instalação em alto mar está semi-abandonada depois de um incêndio – e uma coincidência a levará até lá para tratar, como enfermeira, de um dos sobreviventes.
Josef, a vítima, está temporariamente cego e com o corpo coberto por queimaduras.
O filme é de poucas palavras, mas de uma intensidade de sentimentos, que foge à expressão de meras cacofonias verbais.
O roteiro de Coixet é brilhante em esconder todo o passado de Hanna durante o filme. Não há uma só informação sobre ela, além de seu sotaque do leste europeu e a necessidade de uso de um aparelho de surdez (que é desligado quando ela quer ficar sozinha) e lhe garante momentos de silêncio reconfortante. Hanna não falta ao trabalho, não se relaciona com os colegas e come todos os dias arroz, frango e maçãs.
Mas essa vida sem sal, sem sabores (a culinária, não por acaso, será uma grande metáfora adiante), esconde um segredo, que demora a ser revelado, mas é catártico (qualquer comentário a esse respeito arruinaria o filme, portanto, me calo).
Essa minha descrição do filme pode soar um tanto quanto romantizada, mas, assim como acredito que algumas das grandes histórias da humanidade precisaram ser romantizadas para que atingissem a grande massa, por que não cometer o mesmo "sacrilégio" com um dos filmes mais sensacionais que tive o prazer de assistir?
Vale a pena!
Bom apetite.