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15 de fev. de 2011

A menina que não sabia ler


Inspirada numa reviravolta

Meados de setembro passado comprei "A menina que não sabia ler", de John Harding, porque estava sem leitura de banheiro e "A ilha sob o mar" de Isabel Allende, para ler na cama, porque ainda não havia lido nada desta prestigiada escritora que foi ícone da Flip de 2010.
Aliás, acho que já comentei sobre isso, mas vale ressaltar. Classifico minhas leituras em: leituras de banheiro e leituras de cama.
As leituras de banheiro são aquelas obras menores, que se lê no banheiro para passar o tempo, enquanto a leitura de cama é privilégio dos bons livros, que me incitam a ter um caderninho de anotações ao lado da cama, para ir registrando todas as ideias e frases de efeito que me agradam.
Pois bem, assim foi. "A menina" no banheiro e "A ilha" na cama.
Quando iniciei a leitura do primeiro, imediatamente, desde o título, fiz associação com o inestimável "A menina que roubava livros", história da qual gostei tanto, que fui impelida a criar este blog, mas isso já é história velha, contada na primeira postagem aqui.
Enfim, o livro conta a história de uma órfã - outra semelhança - que descobre uma enorme biblioteca proibida na mansão em que mora e aprende a ler sozinha. Apesar da inevitável sensação de "já vi essa história" comecei a gostar do ritmo do livro e julguei-me predisposta à leitura simultânea de "A ilha".
Este segundo livro, da editora Bertrand Brasil, com uma encardenação bem cuidada, detalhes na capa em altorrelevo, que me custara o dobro do primeiro, já me despertou desconfiança logo no começo, pois o "resumo" contido em sua orelha não condizia com o que eu estava lendo logo no primeiro capítulo, por exemplo: a orelha dizia que Zarité - a personagem principal - aprendeu a dançar e recebeu amor paterno do velho Zacharie, mas, o nome do velho escravo era Honoré.
Enquanto isso, o enredo de "A menina" começou a mudar e a se diferenciar do outro "A menina" e, após três dias de leitura simultânea, os livros trocaram de posição. "A ilha" foi para o banheiro, enquanto "A menina" veio para a cama. Sobre "A ilha", só direi que a leitura vale pelas informações, do então desconhecido para mim, Haiti, devastado por um terremoto ano passado e sobre o qual eu não sabia nada. Mas deixo claro que, futuramente, ainda pretendo voltar a ler Isabel Allende e, quem sabe, recomendá-la.
Agora, voltando ao livro que intitula esta postagem, que surpresa!
A reviravolta na história, a desconexão entre alguns fatos e a não explicação de tantos outros, fizeram com que eu refletisse mais sobre a natureza humana.
Lembrei-me, inclusive, de um debate do qual participei na faculdade certa vez, no qual tinha que defender a teoria de Maquiavel de que "todo homem é mau por natureza". Considero muito provável que John Harding compartilhe desta teoria, já que, embora não a defenda, explicita essa condição nas páginas finais da sua obra.

17 de set. de 2010

A vida íntima de Laura

Inspirada numa contação de histórias

Quando o Léo, meu primogênito, era pequeno - ele prefere que eu diga "quando era criança", pois no auge dos seus 12 anos, já se considera um adolescente, quase adulto, embora nunca cresça para mim... - eu lia para ele todas as noites, na esperança de despertar o gosto pela leitura nele.
Infelizmente, não funcionou muito. Ele não gosta de ler. Mas adora histórias. Especialmente se eu lê-las em voz alta para ele. Enfim, mas dentre tantas lidas, a minha preferida que passou a ser uma das preferidas dele também, foi resgatada do fundo do armário: A vida íntima de Laura.
Essa obra infantil de Clarice Lispector - que escreveu 5 livros infantis: O mistério do coelho pensante (1967); A mulher que matou os peixes (1968); A vida íntima de Laura (1974); e dois publicados postumamente, Quase de verdade (1978) e Como nasceram as estrelas (1987) - é tão maravilhosa que foi objeto de análise da minha monografia, além de ser material fantástico para trabalhar em sala de aula.
Pois bem, como eu vinha dizendo, tentando liberar espaço no armário para acomodar os presentes do Chicão, encontrei o livro - na verdade a versão em e-book da obra, a qual imprimi - e me emocionei.
Peguei o Chico em um braço e "Laura" no outro e, caminhando pela casa, fui narrando os pensamentozinhos e sentimentozinhos da personagem principal. Que delícia. O Francisco prestou atenção o tempo todo e, mesmo não tendo entendido bulhufas, tenho certeza de que o ritmo do texto clariciano o agradou.
Mas, você deve se perguntar, afinal, quem é Laura?
Primeiro é necessário explicar o que é vida íntima...
Segundo a própria Clarice, vida íntima é aquilo que acontece na casa da gente e não devemos contar para ninguém.
E, mesmo assim, ao longo das deliciosas páginas, Clarice vai nos contando tudo sobre a vida íntima da Laura.
Agora, quanto a quem é Laura, te dou um beijo na testa se adivinhar!!!
Disponibilizarei o e-book no meu 4shared.
Faça o download e descubra o mistério. É diversão de ótima qualidade garantida!

15 de jul. de 2010

Maria Ruth


Inspirada numa redescoberta

Na adolescência, naquela fase em que não sabemos qual o nosso lugar e função no mundo, muitos se perdem em sexo, drogas e rock 'n roll e fogem para um mundo só deles.
Comigo não foi diferente, mas, diferente de muitos colegas, eu fugia para dentro dos livros.
Ficar lendo por horas e horas era muito mais fácil do que encarar a vida.
Um hábito saudável, certamente, mas, por vezes naquela época, minha leitura era mecânica. Eu era uma devoradora de histórias em quantidade e não qualidade, uma vez que nem todas eu internalizava.
Fui criada com quatro tias leitoras e, por essa razão, tive acesso aos mais variados títulos, desde as novelas românticas pseudo-pornográficas-literárias de séries como "Sabrina" e "Júlia", até a clássicos como "A Divina comédia" e "O morro dos ventos uivantes".
No turbilhão dessas leituras, no entanto, sinto que deixei escapar uma história, no mínimo, interessantíssima: "Maria Ruth", autobiografia de Ruth Escobar, que guardo até hoje.
Assistindo à série de homenagens às mulheres que a TV Cultura fez há algumas semanas, deliciei-me com uma reportagem sobre Ruth Escobar, com entrevistas com a própria e depoimento de grandes nomes das Artes Brasileiras.
Essa mulher, politicamente engajada, culturalmente produtiva, emocionalmente espancada,  sexualmente cerceada, representou o feminismo brasileiro nas mais diferentes frentes.
Ao lançar sua autobiografia "Maria Ruth", rompeu com o silêncio do cinto de castidade e inspirou algumas mulheres a romperem com seus cilícios também.
É por essas e outras que, em breve, pretendo redescobrir Ruth Escobar e todas suas rupturas.

6 de jul. de 2010

O quieto animal da esquina



Inspirada numa incongruência

Sempre apregoei e continuo afirmando que a beleza de uma obra está nos olhos e ouvidos de quem a vê, lê ou ouve e não na intenção do autor.
O conceito de "Arte" depende da interpretação do seu espectador.
Argumentado meu ponto de vista, que venha a história...
Tenho devorado e redevorado vários livros, de diferentes estilos e inúmeros autores, para manter meu corpo em repouso, na cama.
Algumas leituras são esquecidas assim que terminadas. Outras, me incitam a escrever.
Assim está sendo com "O quieto animal da esquina", obra de João Gilberto Noll.
Confesso minha ignorância. Eu nunca tinha ouvido falar nele. Nem bem, nem mal, então, iniciei a leitura sem influências.
Geralmente, gosto de iniciar leituras assim, pois posso ler sem rótulos, à minha maneira, desvendando a história página por página.
Com esse livro, no entanto, nada consegui desvendar.
Que merda.
O livro não tem sentido.
Não tem lógica.
São entrelinhas demais.
Não há desfecho, nem explicação.
Adoradores de Noll podem me acusar de necessitar de historinhas redondinhas, com início meio e fim. Tolos. O livro é ruim...
Adoro a subjetividade. Prova disso é que adoro Clarice Lispector sobre todos os outros.
O livro não tem nada. Usa um falso plano de fundo social, com uma citação dispersa sobre uma caminhada do MST, o fato da personagem principal ser um estuprador, que mora num prédio inacabado, invadido e que escreve poemas.
Até aí, ainda existe alguma história, mas então, ele é "adotado" por uma família, meio torta e fim.
Pode parecer que há uma coerência no relato do livro da maneira que estou explicando, mas só eu sei o esforço que fiz para tentar explicar a história que nem mesmo existe.
É isso. Noll não vale a pena ser lido.
Mas, reafirmo, a beleza da obra depende dos olhos de quem a lê.
Quem quiser perder tempo com o livro em questão, que o faça por sua conta e risco.

24 de jun. de 2010

Leite derramado

Inspirada num presente

Três dias. Demorei três dias para dar cabo da leitura de "Leite derramado", romance de Chico Buarque.
O livro foi presente do meu querido companheiro, Fábio Shiraga, a quem agradeço imensamente.
Cabe ressaltar que, no início do namoro, estávamos - Fábio e eu -, certa vez, ouvindo música e, às tantas, ele me indagou:
- Fá, o quanto você gosta do Chico Buarque?
De pronto, respondi:
- O suficiente para querer um filho chamado Francisco.
Quando, tempos depois eu engravidei e descobrimos que era menino, escolhemos o nome Francisco, sem nos lembrarmos dessa conversa, mas, há uns dois meses, lembramo-nos desse diálogo e agora, ao terminar a leitura desse instigante livro de Chico Buarque, só me resta afirmar que meu filho terá o nome de um gênio das letras.
Vontando à obra... A primeira vista pensa-se que o livro filosofará sobre a velha dita de "não chorar sobre o leite derramado". Não é bem isso.
O monólogo - sim, toda a história é um monólogo - conta a trajetória de Eulálio, um centenário, que passou pelas mais diversas situações - trágicas e cômicas - ao longo da vida e que as conta em voz alta, num leito de hospital.
A narrativa não é linear. A temporalidade se atropela e, aos poucos, vamos descobrindo o que há de verdade ou invenção no relato. Talvez chamar de invenção não seja apropriado, já que, durante a própria história, o narrador pede escusas porque a memória, às vezes, tende a enganá-lo.
Além do enredo bem amarrado, a narração faz um percurso corretíssimo sobre a história política brasileira, bem como sobre a sociedade carioca do início do século passado.
Ora se ri. Outras, se chora. Dúvidas surgem. Teorias se concretizam e Chico Buarque mostra que, na literatura, assim como na música, é um exímio manipulador de palavras.
Quanto ao leite derramado, há sim de se chorar sobre ele, quando o mesmo tiver que ser dispensado em uma pia de banheiro, por uma mãe que não pode mais amamentar.

12 de mar. de 2010

O enigma da pedra

Inspirada num mistério

Mesmo depois de terminada a leitura, "O Enigma da Pedra", de Jim Dodge, continua enigmático para mim...
O Fábio ganhou o livro de presente do seu amigo Biajoni há algum tempo e me emprestou mês passado, porque eu estava reclamando, dizendo que queria ler algo diferente, que me prendesse e já comentava em comprar novos livros e, sabendo da minha compulsividade por comprar livros e da necessidade de economizarmos para o bebê que está por vir, ele lembrou-se desta obra e a ofereceu - como empréstimo por tempo indefinido - para mim.
A história da grávida, solteira, que foge de um centro de reabilitação para jovens meninas perdidas, de início, não me conquistou. Era muito parecida com outras tantas histórias muitas vezes lidas e até mesmo vivida, mas, com o desenrolar da trama, a ficção envolvendo ocultismo, alquimia, foras da lei e plutônio me fisgou.
Ansiava por desvendar as diferentes histórias que se desenvolviam ao redor da história de Daniel Pearse e me deliciava com as divagações filosóficas de Dodge.
Embora minha leitura tenha sido voraz, o término do livro só foi atingido ao final de três semanas.
Vale ressaltar que a obra tem várias páginas, sem desenhos, e letras pequenas, mas, o que retardou que eu desvendasse todo o enigma foi mesmo a densidade, complexidade e abrangência da história.
O "Enigma da Pedra" é um livro que vale a leitura.
Jim Dodge é um autor dedicado, preocupado com o leitor e o entendimento do leitor. Preocupado, talvez, um pouco demais, mas preciso ler outra obra dele para chegar a conclusão de que esta é uma característica do autor ou desta obra em questão.
Infelizmente, não encontrei o livro para download e, por essa razão, não posso disponibilizá-lo, mas, vale a busca em sebos ou bibliotecas e, para aguçar o interesse ou reforçar o desinteresse pelo livro, também vale ler a resenha que o Bia fez. http://www.verbeat.org/blogs/biajoni/2007/08/o-enigma-da-ped.html
No geral, o livro é bacana, vale a leitura, mas você não sentirá falta dele depois que desvendar o Enigma da Pedra.

25 de fev. de 2010

O grande Mentecapto

Inspirada numa leitura

Terminei a leitura desta obra há algum tempo, mas, a falta de tempo impossibilitou que eu comentasse sobre este grande livro antes.
O grande Mentecapto, de Fernando Sabino, narra as desventuras de Geraldo Viramundo pelas bandas de Minas Gerais e é um convite ao despertar do espírito aventureiro infantil e adolescente, que há em cada um de nós.
Sabino brinda o leitor com sua ironia, de quem conhece a fundo as histórias de Minas, os trejeitos e os maneirismos do seu povo, além da inesquecível culinária mineira.
Brincando com personagens verídicos, Sabino nos premia com citações magníficas, em mais de um idioma e nos leva a repensar sobre nossas atitudes diante da rotina do dia-a-dia e das misérias particulares e alheias.
O Grande Mentecapto conta as histórias de Geraldo Viramundo, uma criança feliz e imaginativa que acredita poder fazer o trem parar fora de sua estação.
A partir daí sua vida muda completamente de rumo transformando o mentecapto em um nômade, andarilho, herói, sábio.
O livro vale a leitura, pois a escrita de Sabino é ágil e o mentecapto é apaixonante, contudo, tive a impressão de que, no último capítulo, o autor havia já se cansado da história ou do seu personagem e a fluência do livro é interrompida com um final seco que não condiz com a exuberância literária do livro todo.
Mas é uma história que merece ser devorada e, talvez, abandonada no penúltimo capítulo, de forma que o leitor possa criar seu próprio final.

24 de fev. de 2010

Justificativa

Inspirada num projeto  

Como dizia minha amada e idolatrada Clarice:
"NÃO TENHO TEMPO PARA MAIS NADA. SER FELIZ ME CONSOME MUITO"...
No entanto, seria injustiça atribuir a pausa nas minhas postagens à minha nova e importante condição de grávida e esposa.
Cabe ressaltar que a vida a dois, assim como os preparativos para a chegada do bebê, tem tomado muito do meu tempo, mas, o que atrapalhou minha programação de posts foi um novo e ambicioso projeto.
Durante a pesquisa para o desenvolvimento da idéia, redescobri um autor, que está sempre presente em meus escritos e que é comumente citado: Oscar Wilde.
Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde (Dublin, 16 de outubro de 1854 — Paris, 30 de novembro de 1900) foi um escritor irlandês. Criado numa família protestante, estudou na Portora Royal School de Enniskillen e no Trinity College de Dublin, onde sobressaiu como latinista e helenista. Ganhou depois uma bolsa de estudos para o Magdalene College de Oxford.
Wilde saiu de Oxford em 1878. Um pouco antes havia ganhado o prêmio "Newdigate" com o poema "Ravenna". Passou a morar em Londres e começou a ter uma vida social bastante agitada, sendo logo caracterizado pelas atitudes extravagantes.
Foi convidado para ir aos Estados Unidos a fim de dar uma série de palestras sobre o movimento estético por ele fundado, o esteticismo, ou dandismo, que defendia, a partir de fundamentos históricos, o belo como antídoto para os horrores da sociedade industrial, sendo ele mesmo um dandi.
Em 1883, vai para Paris e entra para o mundo literário local, o que o leva a abandonar seu movimento estético. Volta para a Inglaterra e casa-se com Constance Lloyd, filha de um rico advogado de Dublin, indo morar em Chelsea, um bairro de artistas londrinos. Com Constance teve dois filhos, Cyril, em 1885 e Vyvyan, em 1886. O melhor período intelectual de Oscar Wilde é o que vai de 1887 a 1895.
Em 1892, começa uma série de bem sucedidas comédias, hoje clássicos da dramaturgia britânica: O Leque de Lady Windernere (1892), Uma mulher sem importância (1893), Um marido ideal e A importância de ser fervoroso (ambas de 1895). Nesta última, o ar cômico começa pelo título ambíguo: Earnest, "fervoroso" em inglês, tem o mesmo som de Ernest, nome próprio
Publica contos como O Príncipe Feliz e O Rouxinol e a Rosa, que escrevera para os seus filhos, e O crime de Lord Artur Saville.
A situação financeira de Wilde começou a melhorar cada vez mais, e, com ela, conquista uma fama cada vez maior. O sucesso literário foi acompanhado de uma vida cada vez mais mundana. Suas atitudes tornaram-se cada vez mais excêntricas. Abandonou a família e passou a ter casos homossexuais, regados por bebedeiras.
Oscar Wilde, em maio de 1895, após três julgamentos, foi condenado a dois anos de prisão, com trabalhos forçados, por "cometer atos imorais com diversos rapazes". Wilde escreveu uma denúncia contra um jovem chamado Bosie, publicada no livro De Profundis, acusando-o de tê-lo arruinado. Bosie era o apelido de Lorde Alfred Douglas, um dos homens de que se suspeitava que Wilde fosse amante. Foi o pai de Bosie, o Marquês de Queensberry, que levou Oscar Wilde ao tribunal. No terrível período da prisão, Wilde redigiu uma longa carta a Douglas.
A imaginação como fruto do amor é uma das armas que Wilde utiliza para conseguir sobreviver nas condições terríveis da prisão. Apesar das críticas severas a Douglas, ele ainda alimenta o amor dentro de si como estratégia de sobrevivência. A imaginação, a beleza e a arte estão presentes na obra de Wilde.
Após a condenação a vida mudou radicalmente e o talentoso escritor viu, no cárcere, serem consumidas a saúde e a reputação. No presídio, o autor de Salomé (1893) produziu, entre outros escritos, De Profundis, o clássico anarquista, A alma do homem sob o socialismo e a célebre Balada do cárcere de Reading.
Foi libertado em 19 de maio de 1897. Poucos amigos o esperavam na saída, entre eles o maior, Robert Ross.
Passou a morar em Paris e a usar o pseudônimo Sebastian Melmoth. As roupas tornaram-se mais simples, e o escritor morava em um lugar humilde, de apenas dois quartos. A produtividade literária foi pequena.
O fato histórico de seu sucesso ter sido arruinado pelo Lord Alfred Douglas (Bosie) tornou-lhe ainda mais culto e filosófico, sempre defendendo o amor que não ousa dizer o nome, definição sobre a homossexualidade, como forma de mais perfeita afeição e amor.
Oscar Wilde morreu de um violento ataque de meningite (agravado pelo álcool e pela sífilis) às 9h50min do dia 30 de novembro de 1900.
Em seu leito de morte Oscar Wilde foi aceito pela Santa Igreja Católica Romana e Robert Ross, em sua carta para More Adey (datada de 14 de Dezembro de 1900), disse "Ele estava consciente de que havia pessoas presentes, e levantou sua mão quando pedi, mostrando entendimento. Ele apertou nossas mãos. Eu então fui enviado em busca de um padre, e depois de grande dificuldade encontrei o Padre Cuthbert Dunne, que foi comigo e administrou o Batismo e a Extrema Unção - Oscar não pode tomar a Eucaristia".
Wilde foi enterrado no Cemitério de Bagneux fora de Paris, porém mais tarde foi movido para o Cemitério de Père Lachaise em Paris. Sua tumba em Père Lachaise foi feita pelo escultor Sir Jacob Epstein, a requisição de Robert Ross, que também pediu um pequeno compartimento para seus próprios restos. Seus restos foram transferidos para a tumba em 1950.
Wilde foi grande porque conseguiu escrever para todos, com as formas de expressão em palavras, embora tenha sido menos conhecido em algumas delas.
Em seu único romance, O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde trata da arte, da vaidade e das manipulações humanas. Aliás, é considerado por muitos de seus leitores, como a maior obra-prima, sendo rica em diálogos.
Já em novelas escritas por ele, como a maioria de todos seus escritos, Wilde criticava o patriotismo da sociedade. Isso fica claro na novela O Fantasma de Canterville.
Em seus contos infantis sempre tratou da criança que vive em cada um de nós, com lições de moral na mais bela e pura forma com linguagens simples.
No teatro, escreveu nove dramas, que inclusive fizeram sucesso na época.
Wilde poeta usou a poesia, simplesmente talvez, para ampliar a sensibilidade para as artes, embora não seja muito conhecido nesse campo.

23 de jan. de 2010

Cerebelo









Inspirada num impulso cerebral


Fábio Shiraga, além de ser o homem que eu amo por mil e tantas razões, é expert em música.
Sempre me apresenta coisas novas.
Algumas, não tão interessantes para meu arisco gosto musical, deixo cair no limbo do esquecimento, mas há outras que simplesmente me fascinam.
O som do grupo paulistano Cérebro Eletrônico, por exemplo, me conquistou, em especial a música "Pareço moderno".
Sempre gostei mais de letra do que de melodia e me identifiquei muitíssimo com a letra desta música, que, além de tudo, tem uma melodia deliciosa.
Outra canção deste mesmo grupo muito bacana, que me faz rir e cantarolar é a música .
Vale a pena curtir o som da banda e dar uma lida nas letras. 

Pareço Moderno - Cérebro Eletrônico
Composição: Tatá Aeroplano

Gosto de cinema, ponto
vivo cheio de manias
tenho uma certa ... pré-dislexia
Às vezes eu surto mesmo
mudo de assunto
sumo e não assumo
a minha lucidez
Pareço moderno a te procurar
Caio na balada, admito
Alimento meu espírito
com litros de café e saio pra dançar
Sempre quando acordo cedo
crio uma canção maluca
ligada ao sonho e ao Ménage a Trois
Pareço moderno a te procurar
Toda vez que eu a encontro
perco o chão, fico sem jeito
quero trucida-la a esmo
e não partirei enquanto não conseguir meu feito
Sei que pego mal contigo
minha nóia eu não escondo 
Sérgio Sampaio vai chegar pra lhe dizer
que eu, que eu, que eu
Pareço moderno,
pareço Roberto a te procurar


Dê - Cérebro Eletrônico
Composição: Letra: Tatá Aeroplano / Música: Fernando Maranho e Tatá Aeroplano


Dê amor
Dê paixão
Dê espera
Dê esperma
Dê prazer
Dê fogo
Dê uma nela
De carinho
De sacanagem
De sarro
De fato
Dê amor
Dê segurança
De anca na anca dela
E amanheça de cabeça dentro dela

21 de jan. de 2010

Ela e outras mulheres


Inspirada numa reportagem

Ao ler uma crítica à conduta do escritor Rubem Fonseca, na época da ditadura, a qual, entre outras coisas, o denunciava como colaborador do Ipes - grupo responsável por censurar a produção cultural - lembrei-me que há alguns anos, na sala de espera de um consultório, li na sessão de Livros da "Veja", uma resenha sobre um livro de contos deste mesmo autor, intutilado "Ela e outras mulheres".
A matéria o apontava como "velho safado", uma vez que os contos do livro tinham uma veia erótica latente. São vinte e sete narrativas que têm um denominador comum, que se adivinha no título: as mulheres. Embora nem todas ocupem o lugar de protagonistas, a verdade é que todas desempenham um papel fulcral para o desenrolar das histórias. Não é, aliás, por acaso, que todos os contos têm por título nomes de mulheres com exceção do conto “Ela”, referido no título da obra.
O universo literário de Rubem Fonseca – algumas histórias policiais, frequentes ambientes negros, muitas personagens violentas e ligadas ao crime e sexo em doses consideráveis – está todo neste volume. É notável a forma como, em textos tão curtos (contos com menos de dez páginas), o autor consegue dar um panorama tão vasto sobre uma certa vivência urbana da sociedade brasileira contemporânea. E se é certo que esta não é uma obra-prima, não deixa de ser também verdade que é uma excelente montra sobre a produção de Rubem Fonseca.
Ao me lembrar do livro, revivi a sensação, não sem sorrir, de fechar o livro - porque ficava enrubescida - sempre que alguém entrava no quarto ou na sala, enquanto estava lendo. A leitura era picante, instigante.
Nunca julguei a revista "Veja" indispensável, já na época a considerava tendenciosa e hipócrita, mas, aquela resenha, me abriu os olhos para uma literatura que, até então, me era desconhecida.
Agora, lia que esse mesmo autor fora censor na ditadura.
Como era possível?
Alguém que escrevia o que ele escrevia, como ele escrevia, deve ter tido uma boa razão para que, mesmo em um curto espaço de tempo, tenha trabalhado com a corja censora.
Pesquisando mais sobre o autor e sua obra, encontrei o conto "Alice", uma total falta de hipocrisia, mas de machismo absoluto, outra razão para injustificar a forma como a tal revista o acusa agora.
O duro, é que a mesma revista que me fez descobrir esse autor brilhante, lança uma caça às bruxas tendo Rubem Fonseca como alvo principal.
Controverso.
Ao meu ver, mais uma prova de que a revista "Veja" dança conforme a música. E a música da vez é o denuncionismo que visa influenciar-nos a desviar os olhos de outras questões mais importantes.
"Veja" continua dispensável.

19 de out. de 2009

O Jardineiro Fiel


Inspirada num trabalho


Nota: A presente postagem é fruto de um trabalho apresentado no curso de Letras para a disciplina Mídia e Educação, ministrada pelo Mestre dos Magos, Prof. Rofatto.
O trabalho quase na íntegra pode ser conferido no blog da turma:
http://dinossaurosdasletras.blogspot.com/2009/10/o-jardineiro-fiel-verdade-conveniente.html

O Jardineiro Fiel, baseado no livro do inglês John Le Carrè e filmado pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles (que a cada nova produção comprova seu inegável talento e maestria em trabalhos que demonstram qualidades próprias de um habilidoso, inteligente, criativo e sedutor artesão), levanta questões relativas aos duvidosos interesses e práticas de “fictícias” empresas de grande porte do setor farmacêutico.


Quando o diplomata Justin Quayle (Ralph Fiennes) termina sua palestra e se prepara para responder as perguntas dirigidas a ele pelo público ali presente, ele nem imagina que a história de sua vida está começando a ser reescrita.
Entre as pessoas que estão no recinto encontra-se Tessa (Rachel Weisz, em premiada e exuberante atuação), que virá a ser a mulher de sua vida e também a pessoa que modifica completamente a sua visão de mundo.
Enquanto ele é um ascendente jovem no complexo e disputado mundo da diplomacia internacional representando a Inglaterra no continente africano, sua jovem e sedutora esposa é uma ativista política envolvida em causas humanitárias no lugar mais explorado e desumano do mundo.
Essa explosiva combinação entre o talento, a argúcia e o engajamento de Tessa e as desigualdades e injustiças vividas pelos africanos, é o motor de uma intrincada trama de interesses econômicos escusos, de grandes indústrias farmacêuticas do primeiro mundo, e a morte/desaparecimento de pobres e desfavorecidos “cidadãos” africanos.
A partir de suas investigações a jovem Tessa chega a descobertas surpreendentes que envolvem não apenas bilhões de dólares em investimentos em pesquisa e aperfeiçoamento de remédios pelas indústrias que atuam nesses países africanos, mas também os governos de importantes nações do mundo ocidental “civilizado”, inclusive a própria Inglaterra...
Essas descobertas condenam a militante política à morte e, também, a indignidade perante seu próprio e amado esposo. Quayle, que além de suas reconhecidas habilidades no campo das relações entre países, é um devotado jardineiro a combater as ervas daninhas de seu impecável quintal tem que, a partir de investigações individuais, retomar a trilha de sua mulher.
Então ele entra no jogo dos bilhões em busca do resgate do nome de sua esposa e da verdade que envolve a morte de inocentes paupérrimos no já devastado e desolado cenário africano. Sua cabeça passa então a valer muito para os caçadores de recompensas e suas imunidades diplomáticas são então esquecidas e invalidadas...
Se não bastasse esse caráter crítico e questionador, O Jardineiro Fiel ainda nos coloca em contato com a devastadora realidade de um continente perdido, a África. Abandonada pelos países ricos, sobrevivendo à custa de doações que constituem migalhas, partilhada entre tiranos locais que nada mais são do que títeres do capital internacional, a África se decompõe e se torna cada dia mais terra de ninguém em grandes porções de seu território.
As reservas naturais africanas continuam (como durante todo o século XX) sendo pilhadas pelos modernos “Pizarros” e “Hernán Cortez” em seus bem cortados ternos e com modernos celulares e notebooks. O pior, no entanto, é perceber que ocorre o esgotamento progressivo das reservas humanas. Como autênticos “vampiros de almas”, os “investidores” internacionais “sugam” o sangue, as energias e utilizam os pobres e esquálidos corpos africanos numa nova versão da escravidão dos tempos coloniais...
Até que ponto “os fins justificam os meios”? Lucrar não é proibido. O que não pode ser admitido é que os lucros sejam obtidos a partir de qualquer tipo de exploração humana. Escravidão, baixos salários, condições insalubres, horas excessivas de trabalho e tantas outras indignidades e crimes contra o trabalhador e, principalmente ofensivas a própria condição humana devem ser extirpadas do mundo em que vivemos.
O Jardineiro Fiel é vacina que contém poderosos anticorpos que ajudam no combate à corrupção de valores e práticas.
Imunize-se!
Assista já!

15 de out. de 2009

A sombra do vento


Inspirada num presente


Ao comemorar mais uma primavera, ganhou de presente do grande amigo um livro.
A capa acusava que se tratava de um Best Seller, com mais de 6,5 milhões de cópias vendidas no mundo.
Mas ela nunca tinha ouvido falar dele.
A contracapa avisava que a história tinha influencia de Poe e seus romances góticos.
Isso a seduziu.
O cenário era Barcelona, Espanha e o enredo girava em torno de um livreiro e seu filho e um autor e seus livros.
Suspense dos bons.
Muitas páginas.
Sentia-se realizada.
O livro passou a acompanhá-la.
Estava sempre na bolsa, ao alcance das mãos.
Exibia-o aos amigos.
O enredo na ponta da língua.
Julian Caràx, o personagem, lhe lembrava Julio Cortàzar, o escritor.
Aliás, sempre dizia que Cortàzar era a única coisa boa que a Argentina já havia dado ao mundo.
Ia dormir altas horas da madrugada, porque ficava lendo na cama.
O ritmo de leitura assemelhava-se ao que experimentara com "A menina que roubava livros".
E então aconteceu: ela adivinhou o final.
Faltavam 50 páginas ainda, mas ela já sabia como a história acabaria.
Chorou desiludida.
Abandonou o livro.
Sentiu raiva.
Começou outras leituras.
Desistiu.
Nada a empolgava.
Queria voltar a sentir aquele frio na barriga que o livro lhe proporcionara.
Acabou por retomar o livro.
A cada página, sua adivinhação se confirmava.
Antecipava na mente os acontecimentos seguintes... aquilo a estava torturando, mas não podia deixar o livro inacabado.
Aquela situação se arrastou por mais 10 dias e, no fim das contas, surpreendeu-se.
Não que o final da história tenha se alterado, mas, a forma como foi escrito encantou-a.
E ela e o livro fizeram as pazes.

14 de out. de 2009

Normalmente


Inspirada num riso

Ela e seu fiel escudeiro foram ao cinema, num dia de semana, assistir "Os Normais 2".
A crítica que ouvira não era favorável.
Outros expectadores insistiam em comparar o filme com o seriado.
"Não chega nem aos pés", diziam.
Seu dia fora tão opressivo que precisava rir. Nem que fosse um riso forçado.
Ninguém na fila. Compraram os ingressos.
Foi à bombonière. Preços extravagantes. Recusou-se a pagar o que lhe pediam.
Desceu até uma grande loja de departamentos e abasteceu-se com chocolates, salgadinho e refrigerante.
Havia poucas pessoas na sala de cinema quando entraram.
Escolheram ótimos lugares.
Acomodou-se e organizou seu kit cinema.
As luzes apagaram.
A NOITE MAIS MALUCA DE TODAS surge na tela. Ela sorri.

Upside inside out

She's living la Vida Loca
She'll push and pull you down
Living la Vida Loca
Her lips are devil red
And her skins the color moca
She will wear you out
Living la Vida Loca
Living la Vida Loca
She's living la Vida Loca

Rui e Vani cantam o sucesso de Rick Martin, dando um show de dança e interpretação. A afinação, de tão patética, dá o acento cômico essencial à cena.
Ela ri. Escandalosamente, ela ri.
O resto do filme se desenrola sem grandes maravilhas ou problemas.
O que importa é que ela ri.
A primeira cena valeu o ingresso.
Ela ainda ri.
Ri e se reconhece.
No dia seguinte proclama: Vani sou eu!
Sim, normalmente, ela é uma versão de Vani.

30 de jul. de 2009

Travessia

Inspirada numa preferência


Abriu a quarta garrafa de vinho com dificuldade.

Tomou um longo gole no gargalo.

Havia desistido da taça no meio da primeira garrafa.

Bebia sozinha. Formalidades eram dispensáveis.

Era um ritual passar o dia 30 de julho sozinha.

Sofrendo.

Chorando.

Neste ano, decidira embebedar-se.

Olhou para as fotos espalhadas na cama.

Deitou sobre elas.

Suas roupas ainda estavam úmidas do banho de chuva e as fotos grudavam nelas.

Teve medo de danificar as imagens.

Eram as únicas coisas dele que restavam.

Despiu-se.

Deu play no CD.

Milton inundou o ambiente.

"Quando você foi embora fez-se noite em meu viver.

Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar".

Milton era perfeito.

Lembrou-se, divertida, da interpretação de Bjork, de Travessia.


Preferia Milton. Sem dúvida.


Cantou junto com a música.

Aumentou o som.

"Solto a voz nas estradas, já não quero parar

Meu caminho é de pedras, como posso sonhar

Sonho feito de brisa, vento vem terminar

Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar"

Esmurrou o próprio peito e atracou-se com a garrafa.

Ingeriu mais meio litro.

Amontoou as fotos e beijou-as.

Pediu perdão para o menino que lhe sorria e continou a cantar.

"Vou seguindo pela vida, me esquecendo de você

Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver

Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer

Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver"

Rodopiou nua pelo quarto, sempre com a garrafa na mão.

Antes que a música chegasse ao fim, apertou a tecla repeat.

Milton reiniciava sua cantoria.

Ela reiniciava seu lamento.

A garrafa chegava ao fim.

Antes do final da música, ela já estava desmaiada em sua cama, segurando uma das fotos.

Acordaria, no dia seguinte, com o cabelo sujo de vômito.

A ressaca seria sua companhia.

E sua travessia recomeçaria.

2 de mai. de 2009

Canteiros

Inspirada num poema


Tem um cantor/compositor brasileiro um tanto marginalizado, de nome Raimundo, que é o cara que musicou alguns dos mais belos poemas já escritos.

Tudo bem que as borbulhas de amor o denigrem, mas, "Canteiros" é um dos exemplos de sua genialidade...

Inspirada no poema "Marcha" http://www.cin.ufpe.br/~ago/poesias/cmeireles de Cecília Meireles essa música é, para mim, uma das mais belas representações do sentido da vida.

Sutilmente nos indica o caminho, nos fazendo seguir em frente apesar das dores passadas, nos dizendo para transformar o sentimento de perda em saudades. Lembrando-nos de fechar os olhos para olharmos dentro de nós mesmos.



Canteiros,
Raimundo Fagner.

Quando penso em você

Fecho os olhos de saudade

Tenho tido muita coisa

Menos a felicidade

Correm os meus dedos longos

Em versos tristes que invento

Nem aquilo a que me entrego

Já me dá contentamento

Pode ser até manhã

Sendo claro, feito o dia

Mas nada do que me dizem

me faz sentir alegria

Eu só queria ter do mato

Um gosto de framboesa

Pra correr entre os canteiros

E esconder minha tristeza

E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza ...

E deixemos de coisa, cuidemos da vida

Senão chega a morte

Ou coisa parecida

E nos arrasta moço

Sem ter visto a vida

Fanatismo

Inspirada numa canção

Recebi duras críticas e reprimendas de que minhas últimas postagens tinham um teor muito religioso, com críticas veladas ao catolicismo. Não faço críticas veladas, critico abertamente mesmo, mas, não fico presa à críticas vazias, apresento dados e exponho fatos com a intenção de dar ferramentas para que os demais possam pensar por si mesmos e chegar à suas próprias conclusões.

Minha crítica é contra a intolerância e o fanatismo, mas, deu com os burros n'água quem pensou, baseado no título, que mais uma vez, ficarei falando de religião...

O assunto da vez é muito mais interessante: Florbela Espanca.

A primeira vez que ouvi esse nome fui tomada por um estranhamento... achei que se tratava de algum pseudônimo ou algo do gênero. Ledo engano.

Florbela d'Alma da Conceição Espanca. Poesia no nome e na vida. Lirismo triste despetalado em afetos e amores despedaçados em casamentos. Desejos floridos a peles, invernando ardentes carinhos irmanados a melancolias de profundas raízes. Corolário de anseios e dúvidas. Crisântemo de cruciante sentimento, aberto em solário de roxidões imensas – uma beleza de alegrias amarelecidas com palores outonais de páginas esquecidas em longes livros desvividos de romances. Música de palavras embaladas no lamento de voz perdida em alamedas áridas de consolo. Solidões noturnas e lutuosas em pálpebras descidas às pétalas de sonhos sepultadas ao céu aberto da desesperança. Julieta alentejana sem Romeu, longe de Verona. Flor da vida e flor da morte. Florbela D’Alma, renascida de si mesma nas dores sementeiras de elegíacos jardins veronais. Conceição de crisântemos que desabrocham tristezas sobre tristezas em refluxos de violeta cor. Espanca, ó Flor, o sentimento que fustiga de dor o pólen dourado de seu verbo para verter o ouro da chaga de seu verso.


Fagner canta Florbela:

Fanatismo
por Florbela Espanca

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa...”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...”

22 de mar. de 2009

O primeiro

Inspirada num pé de laranja lima


Motivada pela grande quantidade de livros que minha mãe e minha avó tinham em casa, comecei a ler muito cedo. Lia, como ainda faço, dois ou três livros ao mesmo tempo, para demorar mais para chegar ao fim...
Com 12 anos já havia lido muita coisa, quase toda Coleção vaga-lume, com todas suas Ilhas Perdidas e os Mistérios do Cinco Estrelas.
Já havia rido e chorado com o jogo do contente da Pollyanna Menina e a Moça e tinha encontrado o Bugre-do-chapéu-de-anta em todas as aventuras por Taquarapoca.
Aos 13 anos, fui "obrigada" e ler Dom Casmurro e, pela primeira vez, detestei tanto um livro que pensei em nunca mais voltar a ler.
Eu ainda não havia me tornado uma devoradora de histórias...
A transformação de leitora compulsiva em devoradora ocorreu da noite para o dia, que foi o tempo exato que demorei para devorar meu primeiro livro: O meu pé de laranja lima.

http://www.4shared.com/file/94372669/f4cb8e8/Jos_Mauro_de_Vasconcellos_-_O_meu_p_de_laranja_lima.html
Esse foi e ainda é, para mim, um livro extremamente marcante, comovente e triste.

Marcante pela ironia da sua história, comovente pela simplicidade transmitida e pela forma com que foi escrito e triste pela dor e pelas perdas retratadas.

Com uma mescla de turbulentas emoções e pequenas conquistas e vitórias, vividas pelas personagens, que vêm à tona de forma simples e eloqüente, senti-me como se também eu participasse na história.
Neste livro, os grandes feitos, assim considerados pela nossa cegueira e egocentrismo, não são as ações merecedoras de importância, mas sim, as pequenas coisas, que no fundo acabam por ser as mais bonitas e importantes: as pequenas vitórias, a dor e a conquista do mundo real e da vida real, que acabam por ter uma fantasia mais doce e bonita e um misticismo mais profundo, do que as grandes lendas ou histórias, apenas pelo que são.

Devorei esse livro em menos de 12 horas, porque a história de Zezé despertou em mim sentimentos adormecidos e reflexões sobre quem eu era, enquanto indivíduo, e sobre qual meu lugar e função no mundo, o que tornou impossível que eu lesse qualquer outra história concomitantemente e impedindo-me de parar de ler, até mesmo quando as torrenciais lágrimas embaçavam minha vista.
Zezé, Portuga e Minguinho, desde então, fazem parte de mim, assim como outras personagens de inúmeras histórias que devorei ao longo dos anos, mas esses três têm e sempre terão, lugar cativo em meu coração.

4 de mar. de 2009

A vida secreta das palavras

Inspirada num filme inspirador

Direção: Isabel Coixet
Roteiro: Isabel Coixet
Elenco: Sarah Polley, Tim Robbins, Javier Cámara, Eddie Marsan, Steven Mackintosh
http://www.youtube.com/watch?v=9dAJUEngedA

Sem conhecer detalhes do filme, confiando apenas no marketing, não dá pra ver o soco no estômago chegando em "A Vida Secreta das Palavras".
O pôster, o trailer, a sinopse, tudo insinua um drama romântico.
Não é.
A começar por uma das mais belas cenas do filme (para o meu tosco parecer de telespectadora), quando Hannah, sentada num banco à beira mar, observa uma distante plataforma de petróleo.
Ela ainda não sabe disso, mas a instalação em alto mar está semi-abandonada depois de um incêndio – e uma coincidência a levará até lá para tratar, como enfermeira, de um dos sobreviventes.
Josef, a vítima, está temporariamente cego e com o corpo coberto por queimaduras.
O filme é de poucas palavras, mas de uma intensidade de sentimentos, que foge à expressão de meras cacofonias verbais.
O roteiro de Coixet é brilhante em esconder todo o passado de Hanna durante o filme. Não há uma só informação sobre ela, além de seu sotaque do leste europeu e a necessidade de uso de um aparelho de surdez (que é desligado quando ela quer ficar sozinha) e lhe garante momentos de silêncio reconfortante. Hanna não falta ao trabalho, não se relaciona com os colegas e come todos os dias arroz, frango e maçãs.
Mas essa vida sem sal, sem sabores (a culinária, não por acaso, será uma grande metáfora adiante), esconde um segredo, que demora a ser revelado, mas é catártico (qualquer comentário a esse respeito arruinaria o filme, portanto, me calo).
Essa minha descrição do filme pode soar um tanto quanto romantizada, mas, assim como acredito que algumas das grandes histórias da humanidade precisaram ser romantizadas para que atingissem a grande massa, por que não cometer o mesmo "sacrilégio" com um dos filmes mais sensacionais que tive o prazer de assistir?
Vale a pena!
Bom apetite.

23 de fev. de 2009

Você sabia?

Inspirada num assunto delicado

Sem a intenção de polemizar, apenas compartilhando conhecimento para a reflexão, decidi usar esse espaço para dividir algumas questões que têm me angustiado para, talvez, conseguir chegar a algumas respostas...
Sempre fui contestadora, sempre quis saber o porquê das coisas até encontrar uma resposta que me satisfizesse, mas, há uns 3 meses, um querido amigo me enviou um vídeo chamado Zeitgeist - pronuncia-se "tzait.gaisst" e é um termo alemão cuja tradução significa "espírito de época ou espírito do tempo" - que é um vídeo amador, caseiro, dividido em três partes, baseado em teorias, tipo "Teoria da Conspiração" e que me tem feito refletir demais, sem chegar a nenhuma conclusão.

Pois bem, minha grande angústia é quanto à primeira parte desse vídeo, que colocou em xeque uma das poucas certezas absolutas que eu tenho na vida: Jesus. Não, não se espantem. Em momento algum duvidei da existência de Jesus, mas, passei a contestar algumas particularidades que a Bíblia nos traz sobre a vida Dele.
Os que se interessarem pelo assunto e queiram entender melhor do que estou falando, assistam o vídeo. Esse link, que disponibilizei acima, é uma versão com legendas em português.
Para resumir, o vídeo afirma que, vários fatos apresentados na Bíblia sobre a vida de Jesus, são idênticos a fatos da vida de um deus egípcio, Hórus, nascido de uma virgem e que teve 12 discípulos muitos, muitos anos antes de Cristo. Há inúmeros outros dados que não cabem comentar agora, mas, na verdade, o que me levou a escrever sobre essa questão hoje, foi um dado que só tive conhecimento ontem, assistindo ao Discovery Civilization.

Você sabia que, assim como os faraós egípcios, todos os Papas católicos foram embalsamados e mumificados para aguardarem a ressureição no Dia do Juízo Final?

Inclusive, quando João Paulo II sofreu o atentado em 1981, na cirurgia para retirada da bala, um pedaço do intestino do Papa precisou ser retirado, mas, esse pedaço de intestino foi embalsamado, mumificado e enterrado junto com o corpo do Papa, quando este desencarnou, para que ele esteja completo quando ressuscitar.
São tantas as similaridades entre a Cultura Egípcia e a Cultura Cristã que fiquei me perguntando:
Qual será o tamanho real da influência egípcia (muito mais antiga) no Cristianismo?
Ressalto mais uma vez: não coloco a existência de Jesus em pauta, apenas questiono se TUDO o que está na Bíblia é genuíno, uma vez que foi escrita por homens que nem mesmo conviveram com o Nazareno.

Você sabia que, quem dividiu os anos a partir do nascimento de Cristo foi o calendário gregoriano, utilizado na maior parte do mundo, mas não na China, Israel, Irão, Índia, Bangladesh, Paquistão, Argélia, etc, e que foi promulgado pelo Papa Gregório XIII a 24 de fevereiro de 1582?
Portanto, a decisão sobre a data de nascimento de Jesus ter sido no dia 25 de dezembro do Ano I (que passou a ser considerado o marco cronológico da divisão dos anos) foi da Igreja Católica Apostólica Romana e essa data não é reconhecida pelos historiadores e estudiosos da vida de Jesus.
Se levarmos tudo isso em questão, talvez possamos melhor entender as diferenças de interpretação do texto bíblico e tenhamos mais tolerância para com a crença alheia, especialmente, para com as crenças não Cristãs.

1 de fev. de 2009

Conta Comigo

Inspirada num momento nostálgico

Uma das coisas que andaram me deixando cismada e me deram vontade de escrever a respeito é o fato de um dos filmes da "Sessão da Tarde" que mais me marcaram ser conhecido por poucos. Comentei sobre ele com várias pessoas, de diferentes faixas etárias e, para meu espanto, de imediato, ninguém se lembrou.
Só quando fiz menção à trilha sonora - “Stand by me”, dos Beatles - é que a luz da recordação se acendeu nos olhos de alguns...
“Conta Comigo” é muito mais do que um filme sobre amizade. É um complexo retrato dos jovens que, por mais que os anos passem, sempre serão os mesmos.
- É possível assistir ao filme no youtube.

A história é baseada em um conto de Stephen King e a mensagem do filme, ambientado no final da década de 50, pode ser captada por qualquer um que tenha tido infância e sabe da saudade que bate de cada coisa que fizemos nessa fase tão especial de nossas vidas.
Na trama, quatro amigos ficam sabendo do paradeiro de um cadáver de um jovem desaparecido a poucos quilômetros de onde moram e, visando serem vistos como heróis por todos na pequena cidade, decidem achar o cadáver e fazer dele a ponte para o sucesso no noticiário.
Só que o filme é, assim como a viagem dos meninos, uma grande jornada de aprendizado. Ao longo dos acontecimentos, questionamos diversos pontos de nossas vidas pelo olhar ingênuo dos personagens.
Um dos grandes trunfos do filme é nos fazer sentir saudade de quando éramos crianças, de quando não tínhamos preocupações e como era gostoso simplesmente descobrir tudo. Além disso, um dos meus pontos preferidos do longa é sua mensagem final: a importância da amizade geralmente só é encontrada quando essa deixa de existir.
Enfim, lembro-me que, no final dos anos 80, enquanto minha busca por um lugar no mundo e minha adolescência afloravam juntas, esse filme me fez desejar, ardentemente, ser imortal, pois acreditava que essa seria a solução para que eu vivesse para sempre com meus amigos... e a única maneira de uma garota que vivia assistindo a filmes conseguir a vida eterna era óbvia: virar vampiro.
Pois bem, por quase um mês dormi com a janela do quarto aberta, todos os dias, rezando para que um vampiro entrasse e me tornasse imortal. Só consegui um começo de pneumonia que me lembrou da minha mortalidade e me obrigou a fechar a janela.
Cheguei a pensar que meu plano não havia dado certo porque eu havia aberto a janela cedo demais... eu era muito jovem ainda...
Hoje, com profunda nostalgia e tristeza, constato que agora já é tarde demais para voltar a deixar a janela aberta, pois compreendo que amizade é um ciclo: há as que duram para sempre, mas também há as novas que surgem e as antigas que se desfazem, porque a importância da amizade, geralmente, só é encontrada quando essa deixa de existir.