3 de jan. de 2009

Parafraseando

Inspirada num poeta inspirado pela lua

Nua, a Lua desfila pelo céu vagarosamente, para aqueles que são corajosos”, escreveu o poeta em um momento de inspiração.

Ela, no calor do momento da primeira leitura, achou a frase de beleza ímpar, mas não soube, realmente, deixar adentrar em seu âmago o sentido profundo das palavras.
O soco no estômago do entendimento só a atingiu exatamente no dia em que não teve coragem de acompanhar o desfile completo da lua mais desnuda que já viu.
Desde que a avistou naquela noite, as palavras do poeta lhe repercutiam na cabeça, mas julgou que fossem influenciadas pela lua magnífica que subia, jamais lhe ocorreu que fossem uma profecia sobre a noite em que deixou uma parte sua afogar-se num mar de medo e escuridão.
Por sua estúpida covardia, a lua zangou-se e sentenciou-a a dias sem noites, passados em branco, até que ela tivesse a humildade de pedir-lhe perdão.
Prostrou-se ao chão. Suplicou que lhe concedesse nova chance, mas a lua, como a amante ferida, negou-lhe a redenção.
Só lhe resta esperar que a mágoa passe e a lua ressurja, em todo seu esplendor, mas roga para que, nessa noite, tenha coragem de apreciá-la e aplaudi-la e vivenciá-la sem temores e pudores.
Chega a conjecturar que, se a lua realmente já a tivesse perdoado, teria tido coragem de amá-la intensamente?

Um comentário:

  1. "Nua, a Lua desfila no céu vagarosamente, para aqueles que são corajosos"...Conheço!

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