23 de fev. de 2009

Você sabia?

Inspirada num assunto delicado

Sem a intenção de polemizar, apenas compartilhando conhecimento para a reflexão, decidi usar esse espaço para dividir algumas questões que têm me angustiado para, talvez, conseguir chegar a algumas respostas...
Sempre fui contestadora, sempre quis saber o porquê das coisas até encontrar uma resposta que me satisfizesse, mas, há uns 3 meses, um querido amigo me enviou um vídeo chamado Zeitgeist - pronuncia-se "tzait.gaisst" e é um termo alemão cuja tradução significa "espírito de época ou espírito do tempo" - que é um vídeo amador, caseiro, dividido em três partes, baseado em teorias, tipo "Teoria da Conspiração" e que me tem feito refletir demais, sem chegar a nenhuma conclusão.

Pois bem, minha grande angústia é quanto à primeira parte desse vídeo, que colocou em xeque uma das poucas certezas absolutas que eu tenho na vida: Jesus. Não, não se espantem. Em momento algum duvidei da existência de Jesus, mas, passei a contestar algumas particularidades que a Bíblia nos traz sobre a vida Dele.
Os que se interessarem pelo assunto e queiram entender melhor do que estou falando, assistam o vídeo. Esse link, que disponibilizei acima, é uma versão com legendas em português.
Para resumir, o vídeo afirma que, vários fatos apresentados na Bíblia sobre a vida de Jesus, são idênticos a fatos da vida de um deus egípcio, Hórus, nascido de uma virgem e que teve 12 discípulos muitos, muitos anos antes de Cristo. Há inúmeros outros dados que não cabem comentar agora, mas, na verdade, o que me levou a escrever sobre essa questão hoje, foi um dado que só tive conhecimento ontem, assistindo ao Discovery Civilization.

Você sabia que, assim como os faraós egípcios, todos os Papas católicos foram embalsamados e mumificados para aguardarem a ressureição no Dia do Juízo Final?

Inclusive, quando João Paulo II sofreu o atentado em 1981, na cirurgia para retirada da bala, um pedaço do intestino do Papa precisou ser retirado, mas, esse pedaço de intestino foi embalsamado, mumificado e enterrado junto com o corpo do Papa, quando este desencarnou, para que ele esteja completo quando ressuscitar.
São tantas as similaridades entre a Cultura Egípcia e a Cultura Cristã que fiquei me perguntando:
Qual será o tamanho real da influência egípcia (muito mais antiga) no Cristianismo?
Ressalto mais uma vez: não coloco a existência de Jesus em pauta, apenas questiono se TUDO o que está na Bíblia é genuíno, uma vez que foi escrita por homens que nem mesmo conviveram com o Nazareno.

Você sabia que, quem dividiu os anos a partir do nascimento de Cristo foi o calendário gregoriano, utilizado na maior parte do mundo, mas não na China, Israel, Irão, Índia, Bangladesh, Paquistão, Argélia, etc, e que foi promulgado pelo Papa Gregório XIII a 24 de fevereiro de 1582?
Portanto, a decisão sobre a data de nascimento de Jesus ter sido no dia 25 de dezembro do Ano I (que passou a ser considerado o marco cronológico da divisão dos anos) foi da Igreja Católica Apostólica Romana e essa data não é reconhecida pelos historiadores e estudiosos da vida de Jesus.
Se levarmos tudo isso em questão, talvez possamos melhor entender as diferenças de interpretação do texto bíblico e tenhamos mais tolerância para com a crença alheia, especialmente, para com as crenças não Cristãs.

18 de fev. de 2009

Neguinho

Inspirada num ouvinte

Quando era pequena, nunca gostou dele.

A relação afetiva só surgiu quando se tornou uma devoradora de histórias e encontrou nele o melhor aliado para a batalha contra o sono.

Café.

Forte, fraco, doce, amargo, puro, misturado, não importa. Os grãos mágicos, que brotam em pés protegidos do vento por bananeiras, fazem do cafezal um lugar inspirador. O silêncio, as cores, os aromas, são um espetáculo que levam a mente a divagar...

Inicialmente, uma xícara bastava para mantê-la acordada por horas, devorando histórias...

Aprendeu a prepará-lo e descobriu suas particularidades, nuances, cheiros e texturas.

Podia farejá-lo à distância. Deliciava-se a cada gole. Era seu companheiro constante.

Passou a desbravar cafeterias, degustar misturebas e a tirar fotos com xicarazinhas.

Ao longo dos anos, ele perdeu seu efeito despertador, mas estava tão habituada a ter seu gosto na boca que não conseguiu abrir mão de sua companhia e, doidamente, começou a ler para ele as histórias que devorava e as histórias que escrevia.

Não sabe ao certo desde quando, mas com o passar do tempo, ele tornou-se seu melhor ouvinte e conselheiro e, a ele, decidiu dedicar uma história.

A doutora

Inspirada numa partida

O fato, quando notado, surpreendeu a todos.

De repente, após 35 anos de vício, sem alarde ela parou de fumar.

Ela era assim. Impulsiva e racional. Discreta e exuberante. Independente e solidária. Segura e delicada.

Domingo ensolarado, reuniu-se com toda a família para comemorar o aniversário da sobrinha mais velha. Riu, cantou, comeu e bebeu e partiu em direção à metrópole para desempenhar, com maestria, seu papel de doutora.

Era uma bem sucedida profissional-esposa-mãe-filha-irmã-tia-cunhada-patroa-amiga.

Na noite de segunda-feira ligou para o marido a fim de lembrá-lo - como se fosse necessário - que no dia seguinte fariam 32 anos de casados.

Como sempre, despiu-se completamente e deitou-se para dormir.

No dia seguinte, com a intenção de fazer uma surpresa em comemoração às bodas, o marido dirige até a capital e, com flores em punho, pede para o recepcionista do hotel chamá-la.

Primeiro toque, silêncio.

Segundo toque, silêncio.

Ela devia estar no banho, ele aguardaria.

Passaram-se 30 minutos.

Mais um toque, silêncio.

Outro toque, silêncio.

- Chamem a segurança. Vamos arrombar a porta.

Quando finalmente conseguiu entrar no quarto, encontrou-a linda, nua, na mesma posição em que havia deitado para dormir. Já estava gelada.

1 de fev. de 2009

Isso é tudo, pessoal!

Inspirada num dilema


Embora a maioria das histórias que conto neste espaço - com muitas adaptações, obviamente - serem inspiradas em histórias acontecidas comigo, ou com amigos meus, tenho evitado usar a primeira pessoa na narrativa, com exceção, por enquanto, do texto de abertura da Devoradora de Histórias e o Conta Comigo.

Não nomear os personagens também tem sido uma opção minha, que visa salvaguardar algumas identidades, mas, como nem sempre adianta, só me resta pedir sinceras desculpas aos que se sentiram expostos demais... nunca foi essa a minha intenção.

Meu dilema agora é quanto aos amigos que têm me pedido para escrever histórias sobre eles... de coisas engraçadas, tristes ou marcantes que passamos, mas, já não tenho tempo de escrever tanto no blog como nos primeiros dias e minha memória já não é mais lá essas coisas.

Não é desdém com ninguém, ao contrário... é falta de tempo e de tema mesmo... portanto, peço que tenham paciência e que me mandem pequenos relatos que gostariam de ver transformados em histórias.

Esses relatos podem ser postados aqui como comentários ou enviados para o email do blog: fafioretti@gmail.com

E como diria o "Gaguinho" - eu lembro dele falando, mas tinha mais personagens que também diziam isso no final dos desenhos:

- Isso é tudo, pessoal.

Beijinhos, Namastê.

Partida de Truco

Inspirada num reencontro


Ele era cabeludo, rebelde, sarrista, convencido, truqueiro e um ano mais velho que ela.
Ela era muito magra, alta, tímida, estudiosa e ficava sempre por perto dele.
Ele era o líder que escalava as duplas para as disputadíssimas partidas de truco e ela era a que sempre só assistia.
Certo dia, faltava um jogador e ele a escalou para ser sua parceira.
Seu estômago embrulhou, a vista escureceu e, antes que percebesse, refutava o convite:
- Não sei jogar truco.
Com ar zombeteiro ele disse alguns palavrões e afirmou que era impossível ela sempre ficar vendo-o jogar sem ter aprendido nada e se propôs a ensiná-la. Seu sorriso era tão lindo que ela não pôde recusar.
Ele desenhou os naipes do baralho e a seqüência das cartas num guardanapo de papel e sentou a seu lado para combinar os sinais que trocariam durante o jogo.
O perfume dele a deixava atordoada, mas ela se esforçava para prestar atenção a cada gesto e expressão facial dele, bebendo suas palavras como um sedento bebe água após longo tempo ao sol.
Com um pouco de remorso, ela lembrou do pai que a ensinara, desde pequena, todos os macetes do jogo e pensou, com culpa, em todos os troféus de torneio de truco empilhados no guarda-roupa, mas o vento trouxe novamente o cheiro dele às suas narinas e ela decidiu seguir em frente com a mentirinha.
Após cinco rápidas partidas em que massacraram os adversários, ele anunciou que a sorte da principiante seria colocada à prova novamente no dia seguinte e que ele estava desafiando todas as duplas para um campeonato contra eles. Ela consentiu.
Após o sorvete de comemoração, ao se despedirem, ele sussurrou em seu ouvido:
- Parceira, espero que nossa sorte no namoro dure tanto quanto sua sorte no jogo.
A sorte no namoro deles foi muito boa... enquanto durou.

Conta Comigo

Inspirada num momento nostálgico

Uma das coisas que andaram me deixando cismada e me deram vontade de escrever a respeito é o fato de um dos filmes da "Sessão da Tarde" que mais me marcaram ser conhecido por poucos. Comentei sobre ele com várias pessoas, de diferentes faixas etárias e, para meu espanto, de imediato, ninguém se lembrou.
Só quando fiz menção à trilha sonora - “Stand by me”, dos Beatles - é que a luz da recordação se acendeu nos olhos de alguns...
“Conta Comigo” é muito mais do que um filme sobre amizade. É um complexo retrato dos jovens que, por mais que os anos passem, sempre serão os mesmos.
- É possível assistir ao filme no youtube.

A história é baseada em um conto de Stephen King e a mensagem do filme, ambientado no final da década de 50, pode ser captada por qualquer um que tenha tido infância e sabe da saudade que bate de cada coisa que fizemos nessa fase tão especial de nossas vidas.
Na trama, quatro amigos ficam sabendo do paradeiro de um cadáver de um jovem desaparecido a poucos quilômetros de onde moram e, visando serem vistos como heróis por todos na pequena cidade, decidem achar o cadáver e fazer dele a ponte para o sucesso no noticiário.
Só que o filme é, assim como a viagem dos meninos, uma grande jornada de aprendizado. Ao longo dos acontecimentos, questionamos diversos pontos de nossas vidas pelo olhar ingênuo dos personagens.
Um dos grandes trunfos do filme é nos fazer sentir saudade de quando éramos crianças, de quando não tínhamos preocupações e como era gostoso simplesmente descobrir tudo. Além disso, um dos meus pontos preferidos do longa é sua mensagem final: a importância da amizade geralmente só é encontrada quando essa deixa de existir.
Enfim, lembro-me que, no final dos anos 80, enquanto minha busca por um lugar no mundo e minha adolescência afloravam juntas, esse filme me fez desejar, ardentemente, ser imortal, pois acreditava que essa seria a solução para que eu vivesse para sempre com meus amigos... e a única maneira de uma garota que vivia assistindo a filmes conseguir a vida eterna era óbvia: virar vampiro.
Pois bem, por quase um mês dormi com a janela do quarto aberta, todos os dias, rezando para que um vampiro entrasse e me tornasse imortal. Só consegui um começo de pneumonia que me lembrou da minha mortalidade e me obrigou a fechar a janela.
Cheguei a pensar que meu plano não havia dado certo porque eu havia aberto a janela cedo demais... eu era muito jovem ainda...
Hoje, com profunda nostalgia e tristeza, constato que agora já é tarde demais para voltar a deixar a janela aberta, pois compreendo que amizade é um ciclo: há as que duram para sempre, mas também há as novas que surgem e as antigas que se desfazem, porque a importância da amizade, geralmente, só é encontrada quando essa deixa de existir.