15 de out. de 2009

A sombra do vento


Inspirada num presente


Ao comemorar mais uma primavera, ganhou de presente do grande amigo um livro.
A capa acusava que se tratava de um Best Seller, com mais de 6,5 milhões de cópias vendidas no mundo.
Mas ela nunca tinha ouvido falar dele.
A contracapa avisava que a história tinha influencia de Poe e seus romances góticos.
Isso a seduziu.
O cenário era Barcelona, Espanha e o enredo girava em torno de um livreiro e seu filho e um autor e seus livros.
Suspense dos bons.
Muitas páginas.
Sentia-se realizada.
O livro passou a acompanhá-la.
Estava sempre na bolsa, ao alcance das mãos.
Exibia-o aos amigos.
O enredo na ponta da língua.
Julian Caràx, o personagem, lhe lembrava Julio Cortàzar, o escritor.
Aliás, sempre dizia que Cortàzar era a única coisa boa que a Argentina já havia dado ao mundo.
Ia dormir altas horas da madrugada, porque ficava lendo na cama.
O ritmo de leitura assemelhava-se ao que experimentara com "A menina que roubava livros".
E então aconteceu: ela adivinhou o final.
Faltavam 50 páginas ainda, mas ela já sabia como a história acabaria.
Chorou desiludida.
Abandonou o livro.
Sentiu raiva.
Começou outras leituras.
Desistiu.
Nada a empolgava.
Queria voltar a sentir aquele frio na barriga que o livro lhe proporcionara.
Acabou por retomar o livro.
A cada página, sua adivinhação se confirmava.
Antecipava na mente os acontecimentos seguintes... aquilo a estava torturando, mas não podia deixar o livro inacabado.
Aquela situação se arrastou por mais 10 dias e, no fim das contas, surpreendeu-se.
Não que o final da história tenha se alterado, mas, a forma como foi escrito encantou-a.
E ela e o livro fizeram as pazes.

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