29 de jun. de 2009

Tiro pela culatra

Inspirada numa impressão


Resolveu dar um basta na situação.

Cansou de ser usada.

Há tempos sabia que ele só se aproximava dela quando precisava de algo.

Tudo o que ele lhe pedia, ela atendia de pronto.

Dessa vez entoou um sonoro não.

Ele ficou surpreso.

Ela despejou sobre ele todas as mágoas acumuladas.

Acusou-o de interesseiro e cafajeste.

Ele esboçou uma réplica.

O olhar gélido dela o fez calar-se.

Não acreditaria mais nas suas saudades e na sua bajulação.

Cruzou os braços e serrou o maxilar.

Olhou para ele com falsa indiferença.

Sua mente divagava.

A qualquer momento ele iria se ajoelhar e pedir perdão.

Ele tinha o olhar perdido. Olhava para o nada.

Ela estava certa que o remorso o corroía.

Ele, no entanto, vasculhava na mente o nome de outras.

Lembrou-se de duas.

Disse apenas:

- Sinto muito, não era para acabar assim.

E foi embora.

Sabia que aquela era uma possibilidade. O fim definitivo. Mas ficou mais leve por deixar de carregá-lo nos ombros.

Mas sentiria falta do peso dele no seu coração.

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