7 de fev. de 2011

Sons noturnos

Inspirada numa noite de insônia

Mais um dia exaustivo finda.
Chega a noite.
As luzes cessam.
Nossos corpos repousam sobre a cama.
Tudo é silêncio.
O último canto de um pássaro e o aroma do corpo ao meu lado afloram meus sentidos.
O sono não chega.
O compasso do relógio dita as horas.
Intermináveis horas.
Ouço o ritmico som da respiração.
O arfar dos pulmões.
Um leve ressonar.
A fricção da pele no lençol.
O discreto som das articulações, produzido a cada movimento inconsciente.
E o sono não chega.
Penso em me levantar, mas os sons noturnos me tranquilizam e permaneço inerte.
Faz calor.
Ligo o ventilador, mas o barulho do motor interfere na sinfonia com a qual meus ouvidos se deleitam.
Desligo.
Volto a acompanhar o compasso do relógio.
Ouço um resmungo. Me aprumo. Silêncio novamente.
Deve ter sido sonho.
Meu corpo se banha em suor.
Finalmente levanto e abro a janela.
Brisa boa a da madrugada.
Volto à posição inicial.
A brisa traz consigo os demais sons da noite.
Um latido longínquo. Um piar. Um coaxar.
Sinto-me plena. Plena de vida. Plena de felicidade. Plena de paz.
Um último pensamento me assola, antes que eu adormeça.
"Ao clarear do dia, os sons noturnos, assim como as boas sensações por ele despertadas, cederão lugar às cacofonias do dia.
Buzina, motor de carro, de moto, campainha, telefone. Que bom seria se os sons nunca mudassem.
Mas a noite há de chegar mais uma vez e a tranquilidade há de me alcançar novamente".

Um comentário:

  1. fábio shiraga08/02/2011, 22:07

    O que eu estou fazendo aqui na frente do computador se você não está do meu lado?
    Tô indo te procurar.

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