Num último gesto de amor, beijou-lhe os lábios já descarnados.
Ele deu seu último suspiro, afogado no soluço dela.
Era a terceira vez que ficava vúva.
Mas há de quem a chamasse viúva negra.
No auge dos seus 89 anos, possuia uma imponência que fazia estremecer até o mais valente.
Conheceram-se numa aula de dança de salão.
Ele, um senhor a procura de exercícios físicos.
Ela, uma professora exigente que expeimentava no ensino da dança, uma retomada do vigor da juventude.
Não se pode dizer que apaixonaram-se.
Eram maduros e sabiam que as paixões eram efêmeras.
Simpatizaram um com o outro e, da simpatia mutua, surgiu o amor.
O sexo, segundo eles, era a cada 30 dias, mas de excelente qualidade.
Beijavam-se em público. Na boca.
Era lindo de se ver.
Por set anos ela o amara e a ele dedicara toda sua atenção.
Foram felizes.
Agora ele partia, vitimado pela fraqueza dos pulmões.
Ela ficava, com suas sapatilhas, em busca de um novo par para dançar.
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