A médica a atendeu no horário e isso lhe deu mais confiança.
Não queria admitir, mas estava em pânico.
O histórico familiar pesava.
Tentou agir naturalmente ao reponder todas as perguntas de rotina.
Demoradamente, a médica auscultou seu peito.
Começou a tremer.
Julgou que fosse o frio, já que estava sem blusa.
A médica segurou suas mãos.
- São sempre frias assim, suas mãos e suas unhas arroxeadas?
- Ô.
Foi tudo que conseguiu dizer.
- Precisamos medir sua frequência cardíaca.
- Precisamos medir sua frequência cardíaca.
E foi ligada a uma série de eletrodos.
Avisada de que o exame demorava um pouquinho, ficou refletindo sobre a vida.
Avisada de que o exame demorava um pouquinho, ficou refletindo sobre a vida.
Umas linhas engraçadas saiam do aparelho ao qual estava ligada.
Quantas vezes seu coração fora partido?
Quantas vezes seu coração fora partido?
Resolveu enumerá-las:
1 - O amor que a traiu.
2 - O filho que morreu.
3 - O sonho que acabou.
4 - A paixão que partiu.
5 - A amiga que perdeu.
6 - A escola que deixou.
Seu coração fora partido seis vezes já.
Irritou-se, porque o número de vezes partido, dividido por sua idade, não dava um número inteiro.
1 - O amor que a traiu.
2 - O filho que morreu.
3 - O sonho que acabou.
4 - A paixão que partiu.
5 - A amiga que perdeu.
6 - A escola que deixou.
Seu coração fora partido seis vezes já.
Irritou-se, porque o número de vezes partido, dividido por sua idade, não dava um número inteiro.
Detestava conta fracionada. Nunca fora boa de matemática.
Com um suspiro, a médica sentenciou:
- Você precisa de uma cirurgia cardíaca de emergência.
Deu um sorriso. Seis partes. Ainda lhe sobrava uma.
Um gato tem sete vidas. Ela também haveria de ter.
Com um suspiro, a médica sentenciou:
- Você precisa de uma cirurgia cardíaca de emergência.
Deu um sorriso. Seis partes. Ainda lhe sobrava uma.
Um gato tem sete vidas. Ela também haveria de ter.
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