Inspirada num bicho pintado na Bandeira do Manuel
Ela e o amigo saíram do cinema. Excelente filme. Valeu cada centavo pago. Papeavam descontraidamente.
A temperatura havia caído bastante. Era quase meia noite.
Por causa do horário, tiveram que circundar toda a extensão do shopping para chegar onde estava o carro.
Na imundície da rua notaram que tinha chovido.
O amigo o viu primeiro e o apontou.
Ela ergueu os olhos.
Lá estava ele, o Bicho, catando comida entre os detritos.
Silêncio.
Primeiro a vontade de sair correndo. Depois, ela quis chegar mais perto. O amigo a deteve. Era perigoso e nojento. O amigo estava com ânsia.
O Bicho, quando encontrava alguma coisa no lixo, não examinava nem cheirava. Engolia com voracidade.
Ela ficou estancada, olhando.
O Bicho não era um cão, não era um gato, nem mesmo um rato.
Ela chorou.
O Bicho, sozinho e humilhado, meu Deus, era um homem.
Tomando-a pela mão o amigo a levou ao carro e foram embora.
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