Quando era pequena, nunca gostou dele.
A relação afetiva só surgiu quando se tornou uma devoradora de histórias e encontrou nele o melhor aliado para a batalha contra o sono.
Café.
Forte, fraco, doce, amargo, puro, misturado, não importa. Os grãos mágicos, que brotam em pés protegidos do vento por bananeiras, fazem do cafezal um lugar inspirador. O silêncio, as cores, os aromas, são um espetáculo que levam a mente a divagar...
Inicialmente, uma xícara bastava para mantê-la acordada por horas, devorando histórias...
Aprendeu a prepará-lo e descobriu suas particularidades, nuances, cheiros e texturas.
Podia farejá-lo à distância. Deliciava-se a cada gole. Era seu companheiro constante.
Passou a desbravar cafeterias, degustar misturebas e a tirar fotos com xicarazinhas.
Ao longo dos anos, ele perdeu seu efeito despertador, mas estava tão habituada a ter seu gosto na boca que não conseguiu abrir mão de sua companhia e, doidamente, começou a ler para ele as histórias que devorava e as histórias que escrevia.
Não sabe ao certo desde quando, mas com o passar do tempo, ele tornou-se seu melhor ouvinte e conselheiro e, a ele, decidiu dedicar uma história.
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