12 de mar. de 2010

O enigma da pedra

Inspirada num mistério

Mesmo depois de terminada a leitura, "O Enigma da Pedra", de Jim Dodge, continua enigmático para mim...
O Fábio ganhou o livro de presente do seu amigo Biajoni há algum tempo e me emprestou mês passado, porque eu estava reclamando, dizendo que queria ler algo diferente, que me prendesse e já comentava em comprar novos livros e, sabendo da minha compulsividade por comprar livros e da necessidade de economizarmos para o bebê que está por vir, ele lembrou-se desta obra e a ofereceu - como empréstimo por tempo indefinido - para mim.
A história da grávida, solteira, que foge de um centro de reabilitação para jovens meninas perdidas, de início, não me conquistou. Era muito parecida com outras tantas histórias muitas vezes lidas e até mesmo vivida, mas, com o desenrolar da trama, a ficção envolvendo ocultismo, alquimia, foras da lei e plutônio me fisgou.
Ansiava por desvendar as diferentes histórias que se desenvolviam ao redor da história de Daniel Pearse e me deliciava com as divagações filosóficas de Dodge.
Embora minha leitura tenha sido voraz, o término do livro só foi atingido ao final de três semanas.
Vale ressaltar que a obra tem várias páginas, sem desenhos, e letras pequenas, mas, o que retardou que eu desvendasse todo o enigma foi mesmo a densidade, complexidade e abrangência da história.
O "Enigma da Pedra" é um livro que vale a leitura.
Jim Dodge é um autor dedicado, preocupado com o leitor e o entendimento do leitor. Preocupado, talvez, um pouco demais, mas preciso ler outra obra dele para chegar a conclusão de que esta é uma característica do autor ou desta obra em questão.
Infelizmente, não encontrei o livro para download e, por essa razão, não posso disponibilizá-lo, mas, vale a busca em sebos ou bibliotecas e, para aguçar o interesse ou reforçar o desinteresse pelo livro, também vale ler a resenha que o Bia fez. http://www.verbeat.org/blogs/biajoni/2007/08/o-enigma-da-ped.html
No geral, o livro é bacana, vale a leitura, mas você não sentirá falta dele depois que desvendar o Enigma da Pedra.

9 de mar. de 2010

A primeira vez de um homem


Inspirada numa emoção

Há homens que amam a si mesmos.
Há outros que amam mulheres.
Há aqueles que amam outros homens.
Ou que não amam ninguém.
Há os que amam esportes.
Ou os que amam música, filmes, artes.
Há homens que são amados.
Outros são abandonados.
Mas também há homens que abandonam.
Há homens que adoram comida.
Outros, preferem bebida.
Mas, hoje, o assunto é um pequeno homem que ama carros...

Domingo nublado, tempinho frio.
O pequeno homem e o homem amado saem para dar uma volta.
- Posso dirigir?
- Você já dirigiu antes?
- Sou craque no jogo de corrida.
- Mas carro de verdade é diferente.
- Eu sei, mas já dirigi no colo do meu pai.
- Tá bom, deixo você dirigir lá no condomínio da sua tia, porque lá não tem perigo.

O banco é colocado para frente. O pequeno homem alcança os pedais sem problemas.
Cinto de segurança. Câmbio em ponto morto. A partida é dada.
O carro engasga. Morre.

- Não fica nervoso, vamos de novo.
Dessa vez, com poucos trancos, o carro começa a andar ligeiramente.

- Ai meu Deus. Que legal!
- Troca a marcha.
- Ai meu Deus. Tenho medo de trocar a marcha.
- Fique calmo que estou do seu lado.
- Acho que por hoje tá bom. Posso tentar de novo outro dia?
- Claro que pode. Você foi muito bem. Parabéns.

O pequeno homem ri.
Os olhos estão brilhando.
As mãos trêmulas transpiram.
O sorriso largo é contagiante.

Emocionada, a mãe aplaude.
Havia presenciado a primeira vez do seu pequeno homem e partilhado da sua emoção.

8 de mar. de 2010

FRANCISCO

Inspirada numa novidade

A maternidade me deixa mais sensível, nostálgica, carinhosa e com sentimentos e lembranças inconstantes.
Nesse emaranhado de emoções, lembrei-me de um exercício de português que fazíamos na escola, com o objetivo de ampliar e enriquecer o vocabulário: acróstico dos nomes.
É engraçado como há anos não me proponho a um exercício desses.
Em geral, o fazíamos com o nome de amigas(os), preenchendo cada letra do nome da pessoa com um adjetivo bajulador.
Era divertido.
Como acabamos de saber o sexo do nosso bebê, resolvi fazer o acróstico do seu nome, não com adjetivos, mas com a tentativa de estrututar um pouco da sua própria história. Francisco, o personagem que roubou a cena nesse dia internacional da mulher!

F ilho da Fá e do Fá

R iqueza do vô Helcio e da vó Jurema

A filhado do tio Ju e da tia Alê

N eto primogênito do vô Nelson e da vó Irene

C riança muito amada desde o ventre

I rmão do Léo

S obrinho do Marcelo, do Júnior, do Hugo e da Juliana

C o-sobrinho da Cinthia, da Alessandra e do Guerreiro

O rgulho da família e amigos


Chico, seja recebido com muito amor, carinho e boas energias por todos!

3 de mar. de 2010

Crônica de duas versões para uma mesma história


Inspirada numa proposta

A ansiedade e a angustia me consumiam desde às 6h30.
O Fábio dormia tranqüilamente ao meu lado na cama. Fiquei olhando as linhas do seu rosto, acompanhando sua respiração e imaginando como ele reagiria.
Às nove ele abriu olhos, me desejou bom dia e com um sorriso me perguntou:
- Fez xixi?
- Fiz - respondi sucintamente.
- E aí? – sentou-se na cama ao me inquirir.
Senti-me desconcertada. Que espécie de questionamento era aquele? Palavras tão ínfimas para questionar algo tão grandioso...
- E aí nada. – foi minha resposta automática.
Ele suspirou algo entre aliviado e inquieto e reinqueriu:
- Então deu negativo?
- Não. Deu positivo – respondi cabisbaixa.
- Deixa eu ver.
Levantei e peguei o exame de farmácia que eu havia guardado na bolsa.
Expliquei que, de acordo com as instruções, as duas listrinhas rosa significavam positivo.
Ele ficou olhando para o tubinho com o olhar perdido, depois me beijou nos lábios e voltou a deitar. Disse que se sentia tonto.
Eu ri. Nervosamente ri.
Estávamos em Serra Negra, na casa da mãe dele aproveitando o feriadão.
Ele foi ficando pálido.
Naquele momento, percebi a fragilidade dele e inspirando longamente, enchi-me de forças para iniciar aquela que julguei seria a conversa mais séria e densa que teríamos.
- Não se preocupe. Terei esse filho sozinha. Você tem seus planos, seus sonhos e metas e eu já abdiquei dos meus antes, posso muito bem protela-los mais uma vez. Sua vida não precisa mudar em nada.
Naquele momento descobri que a criatura ao meu lado era um homem e não um menino. Ele chorou. Reafirmou seu amor por mim e pelo bebê e disse que não existia aquilo de ele ou eu. Que éramos nós. Que aquele seria nosso filho. Que faríamos nossos planos, nossas metas. Que aquela era a nossa vida.
Um beijo selou nosso compromisso de nos tornarmos um.
Eu estava em pânico. Ele me confortava, claro, mas o medo de decepcionar meus pais mais uma vez me consumia.
Por decisão-imposição minha, combinamos que só contaríamos depois do Natal.
Passei por uma consulta médica naquela semana e meu ginecologista confirmou a gravidez, mas, por garantia, pediu o exame de sangue.
Decidi protelar o máximo possível e só realizar o teste para contar aos nossos pais. Faltavam uns 20 dias pro Natal, mas o Fábio já estava tendo crises de ansiedade e perdendo o sono.
Comecei a ter enjôos e ele, tomando as rédeas da situação me comunicou:
- Sexta vamos contar para todo mundo da nossa gravidez.
Nossa Gravidez. Aquela idéia de que ele estava grávido junto comigo me entorpeceu e concordei com sua decisão porque não tinha argumentos, nem vontade, para discordar.
E assim se fez.
O Fábio tem uma versão um tantinho mais romantizada e dramática que a minha para o início da nossa história familiar, mas, em sumas palavras, o temor, a emoção, a alegria e o torpor foram os mesmos.